Na noite de segunda-feira, a partir das 21h30, as ruas da Guarda vão dar lugar à folia carnavalesca da quinta edição do Julgamento e Morte do Galo do Entrudo, um evento produzido pela Culturguarda para a autarquia.
Como habitualmente, o cortejo percorre o caminho entre o Jardim José de Lemos e a Praça Velha, num espetáculo comunitário e de expiação baseado em tradições populares da região como a “Queima do Entrudo” e o “Julgamento, Morte e Testamento do Galo”. Participam centenas de figurantes oriundos das coletividades do concelho e do Curso de Artes da Escola Secundária da Sé. Atores, músicos e animadores profissionais também se vão juntar à festa, como a companhia Kull D’Sac (Valladolid, Espanha) e os seus números e malabarismos com fogo, ou a música animada do Grupo de Zés P’reiras, Gigantones e Cabeçudos (Braga) e da Banda Sociedade Musical Estrela da Beira (Seia).
Peça-chave do cortejo, o galo, culpado por todos os males e injustiças acontecidas no ano que passou, vai arder na Praça Velha após condenação sumária, libertando o povo de todos os males. Antes da condenação, o galo terá direito a um julgamento “justo” e a um último desejo. Os textos deste acontecimento carnavalesco são Daniel Rocha e nele participarão a juíza (Filipa Teixeira), o advogado de acusação Zé Povinho (Valdemar Santos), o advogado de defesa Duarte Lima-te (João Pereira), o presidente do júri e testemunha de defesa Ismaltino Orais (Albino Bárbara), o justiceiro D. Pedro (José Neves). Este ano, há um convidado especial, nada mais nada menos que o clown Det Schafft. No final da noite, depois de condenado e “assado” o galo, o público será convidado para degustar uma canja retemperadora.
“O Julgamento e Morte do Galo do Entrudo” tem coordenação geral de Américo Rodrigues, sendo a figura do galináceo uma criação do artista plástico Bruno Miguel, em colaboração com João Pires e Raquel Cardoso. A música original do cortejo é do projeto guardense Micro Animal Voice. Já no domingo tem lugar outra tradição carnavalesca bem portuguesa e de raízes beirãs. Em Vila Franca das Naves (Trancoso), o célebre cortejo já tem pergaminhos em termos de sátira social e política. O evento é organizado pela Junta de Freguesia local, com apoio da Câmara de Trancoso e a empresa municipal Trancoso Eventos. O desfile começa pelas 16h30.
O início das festividades acontece às 14h30, com o corso a sair do Bairro das Flores e a percorrer as ruas principais da vila até ao Largo do Mercado, onde vai decorrer o Enterro do Entrudo. Após esta apoteose, segue-se um espetáculo de concertinas à desgarrada com Tiago, o “maroto do Minho”, e à noite há um baile de máscaras. O Carnaval de Vila Franca das Naves tem-se afirmado no panorama regional, mobilizando públicos vindos de longe que participam ativamente no evento. O Carnaval despede-se na noite de terça-feira com o tradicional “Enterro do Entrudo”, em Famalicão da Serra (Guarda). A festa começa pelas 20h30 e os convidados deste ano são o frio, a crise e alguns figurões mal-encarados, mas também a alegria contagiante de uma tradição que teima em crescer e continua a mobilizar um número cada vez maior de participantes. Aqui dá-se espaço à participação espontânea do povo e à improvisação, provocadas por um apresentador trapalhão, uma matrafona mais alvoroçada do que nunca, ou pelas marradas do “touro” FMI… O evento é organizado pelo Centro Cultural de Famalicão, com o apoio do Aquilo Teatro, da Associação Cultural e Recreativa da Sequeira e da Associação Juvenil Raiz de Trinta, que se juntarão à Banda Filarmónica local, à fanfarra NemFáNemFum e ao grupo de concertinas “Foligaitos”. Para espantar o frio e a timidez, a organização tem à disposição um pipo do vinho e cachaça, destilada ali mesmo na praça.
Fábio Gomes
