A Comissão Europeia organizou uma visita de informação às instituições europeias em Bruxelas e convidou os mais representativos Órgãos de Comunicação Social (OCS) regional do país, um por distrito. Da Beira Interior, a Comissão relevou O INTERIOR como o mais representativo OCS do distrito da Guarda e o “Jornal do Fundão” como o do distrito de Castelo Branco. Juntamente com mais uma dúzia de jornalistas de OCS como o “Diário de Aveiro” ou o “Região de Leiria” (Prémio Gazeta de Imprensa Regional 2011), o “Grande Porto” ou o “Jornal do Algarve”, a “Rádio Universitária do Minho” (de Braga) ou a “Rádio Clube de Lamego”… a visita de três dias a Bruxelas permitiu contatar com a diversas instituições europeias, conhecer de perto a forma de codecisão europeia, contatar com responsáveis das diferentes Direções institucionais da União, visitar o Parlamento e conhecer o novo “parlamentarium”. E, ainda, discutir com Durão Barroso o momento difícil que a Europa atravessa.
Contribuir para a melhor percepção pelo cidadão sobre o funcionamento das instituições comunitárias é o objetivo da Comissão ao organizar estes encontros, mas, para além da melhor compreensão de como tudo se decide e negoceia em Bruxelas, a surpresa é que por detrás da sensação de distância das instituições, e por detrás dos muros de Berlaymont (o edifício sede da Comissão), tudo está próximo e é de fácil acesso, mesmo considerando os apertos da creditação e segurança. De resto, o cidadão comum europeu pode interpelar os órgãos institucionais, pode pedir para ser recebido pelos comités ou mesmo por comissários, pode inclusive ter iniciativa legislativa, desde que tenha um milhão de assinaturas em toda a Europa (entre 500 milhões não será assim tão difícil…). Ou seja, ao contrário do que tantas vezes acontece nas nossas vilas e cidades, no poder local ou nacional, uma das regras base da União é a proximidade ao cidadão, é a disponibilidade para informar, para esclarecer, para contribuir para o melhor esclarecimento das pessoas. Ao contrário dos nossos governantes e presidentes de Câmara que sempre se escondem atrás de um qualquer subterfúgio ou pura e simplesmente se recusam a responder, na Europa consegue-se com razoável facilidade (considerando a escala) uma resposta, um esclarecimento por parte do respetivo responsável ou pelo porta-voz respetivo ou do próprio Presidente da Comissão. Em Bruxelas está a maior sala de imprensa do mundo, onde constantemente, entre as 9 e as 17 horas, são prestadas informações e esclarecimentos por porta-vozes e técnicos da Comissão e onde diariamente um comissário responde às perguntas dos jornalistas. Em nome da democraticidade, em nome da transparência, em nome do progresso e do respeito para com o cidadão. Em Portugal a Democracia é um feudo de alguns, dos partidos, de políticos profissionais, dos pequenos déspotas locais, de gente que nos governa e que não sabe viver em democracia e nem sequer respeita as regras básicas de cidadania. Não é por qualquer razão que os estudos do Observatório Europeu evidenciam a diminuição da percepção democrática dos portugueses e Portugal é um dos países com menos democracia da Europa. O pior é que diminui também a valorização da democracia como sistema escolhido: apenas 54 por cento dos portugueses valorizam o fato de viverem em Democracia.
Para o jornal O INTERIOR este convite foi o corolário de 12 anos de afirmação como projeto editorial de referência na região, foi a cereja em cima do bolo na comemoração do 12º Aniversário, justamente esta semana.
Luis Baptista-Martins