Arquivo

Os livros da minha vida

por Cláudia Gama *

Ao longo de todos estes anos foram vários os livros que tive oportunidade de ler. Aqui só irei falar de alguns desses livros, aqueles que, por um motivo ou outro, me deixaram uma recordação maior. Começo por referir a contribuição que teve o meu professor da 2ª classe, para eu gostar de livros e de ler. Certo dia, perto das férias do Natal o professor disse que iria oferecer um livro aos alunos que mais atividades fizessem durante as férias. Assim que as férias começaram, iniciei a minha tarefa, para poder receber o livro. E assim foi: recebi um pequeno livro cujo título era “A menina gotinha de água”. Fiquei contentíssima… Lia e via este pequeno livro vezes sem conta. Foi este mesmo professor que me indicou e incentivou a ir à biblioteca requisitar livros. Todos os dias, depois de sair da escola, lá ia eu à biblioteca. Era uma sensação muito agradável entrar num espaço cheio de livros e saber que iria conseguir ler os livros que eu quisesse.

A biblioteca a que me refiro não era na cidade da Guarda, mas sim numa simpática vila chamada Celorico da Beira. Gostava muito de entrar naquele espaço, amplo e luminoso com uma porta e janelas altas por onde entrava imensa luz e também tinha a vantagem de ser perto de casa. Ali ficava bastante tempo a escolher os livros e também a ler os que tinham menos letras, pois não podia levar para casa todos os livros que eu queria. Os livros que melhor recordo e que escolhia para ler na biblioteca eram de Roger Hargreaves: “Senhor feliz”, “Senhor tonto”, “Senhora risinhos” e muitos mais da mesma coleção. Eram um encanto, pouco que ler e desenhos simples, uma associação perfeita.

Um ano depois vim para a Guarda. Quando soube onde era a biblioteca lá fui, para poder continuar a escolher novos livros. Confesso que fiquei desiludida. De um espaço amplo, luminoso com uma porta alta e perto de casa, passei para um espaço pequeno, pouco luminoso com uma porta baixinha e longe de casa. Mesmo assim, continuei a visitar a biblioteca. As aventuras dos cinco de Enid Blyton eram sem dúvida os livros que mais requisitava, acho que li toda a coleção. Também lembro um outro livro, cujo título me despertou a atenção, “Fernão Capelo Gaivota” de Richard Bach. Não entendi o livro, talvez por não ser ainda a altura certa para ler tal livro, no entanto, a vontade de o ler e entender permaneceu. Mais tarde voltei a lê-lo e aí sim, consegui perceber a mensagem que o livro transmitia. “O meu pé de laranja lima” de José Mauro de Vasconcelos e “Esteiros” de Soeiro Pereira Gomes fizeram-me chorar.

Dos autores clássicos da nossa literatura, também tive oportunidade de ler alguns livros. Eça de Queirós é o meu escritor clássico preferido, “Os Maias”, “A cidade e as serras”, “O crime do padre Amaro” são obras fantásticas. Recentemente os livros de José Saramago são muito do meu agrado, nomeadamente “O ensaio sobre a cegueira”. Atendendo ao meu gosto pela ciência, existem dois autores, Robin Cook e Michael Crichton, dos quais já li vários livros (“Mutação”, “Coma”, “Sol nascente”, “Parque Jurássico”, etc. ) que conseguem associar, na minha opinião muito bem, a ciência e a fantasia.

Gostaria de poder dizer que neste momento tenho um livro de cabeceira, mas não tenho. Neste momento da minha vida, infelizmente não sobeja muito tempo de todas as outras atividades a fazer ao longo do dia, mas assim que tiver oportunidade, sem dúvida que irá aparecer algum livro na cabeceira.

É bem verdade que os livros têm a magia de nos transportar para outros locais, são viagens económicas que qualquer um pode realizar.

* professora

Sobre o autor

Leave a Reply