por Beatriz Almeida
Felicidade, termo ambíguo, palavra com inúmeros significados e vivências. Sentimento no topo da lista de coisas a fazer. Unânime em todo o mundo! Uma viagem, um amigo, um concerto, um sorriso, uma mensagem, um olhar. Sentimento delicado, que qualquer idiota pode arruinar. A vida muda e a nossa noção de felicidade também. Há uns anos atrás, bastava ver a minha mãe ao final do dia à porta do infantário para ficar com um sorriso na cara, bastava ver aquele filme, bastava ser Natal. Agora a nossa felicidade depende de um pouco mais. Os rebuçados tornaram-se cigarros, os inocentes tornaram-se maus, beijos hoje são pouco, as bicicletas tornaram-se carros, sumos tornaram-se vodka. Ainda te lembras quando proteção significava apenas usar um capacete? Quando a única coisa que doía eram as feridas nos joelhos? De acordar mais cedo ao sábado para ver desenhos animados? Dos ombros dos teus pais serem o ponto mais alto do mundo? De que o único nome de droga que sabias era o xarope para a tosse? Que dizer adeus era apenas um «até amanhã»? A sociedade moldou a nossa felicidade, pelo menos a nossa conceção sobre ela. Impôs-nos um caminho estreito a seguir. Vivemos numa sociedade de aparências onde o parecer tomou o lugar do ser e o «eu sou, eu aconteço» são o pão-nosso de cada dia. Ainda outro dia liguei a televisão e vi algo que despertou a minha atenção: «Portugueses são os mais infelizes da Europa». Creio que a razão desta situação transcende a minha geração, no entanto, cheguei a uma conclusão: apesar de o poder económico de Portugal ter aumentado nestas últimas décadas, e a minha geração ter muito mais possibilidades que a dos meus avós, os níveis de felicidade não acompanharam esse crescimento. Este facto corrobora que desculpar melancolias com a crise económica é, muita das vezes, mentira. Sabias que quando estás feliz há 25% de hipóteses de pores alguém feliz num raio de dois quilómetros? 40% da felicidade de cada cidadão português, vem de nós mesmos, e da nossa vontade de sermos alegres.
A tua felicidade depende de ti! Não vivas para agradar a ninguém, apenas ao teu íntimo. Ninguém vive em utopias, se bem que devíamos ser mais utópicos, por vezes. Dá um passo atrás e olha para ti. Que estado lastimável! Levanta-te! Aprende com as tuas memórias, não as tentes esquecer. Aliás, como podes esquecer algo marcante para ti? Esquecer, verbo enigmático. Avançar, é mais adequado. Apressa-te, e deixa naquele baú aquilo que te impede de continuar, nunca serás mais jovem do que és neste preciso momento.