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“Pais maus”

ASSOCIAÇÃO DE PAIS

Ser um pai “mau” não é o mesmo que ser um mau pai. Os pais “maus” estão em extinção. Ser mau porque contraria um filho, porque lhe impõe limites, porque não lhe faz todas as vontades, não é ser mau, é ser assertivo e orientador, é ajudá-lo a crescer como pessoa e indicar-lhe o caminho. Uma criança é um ser instintivamente egocêntrico e selvagem. Basta observar os movimentos dos juvenis num jardim infantil para se perceber alguns instintos básicos de sobrevivência de uns, mas também predatórios de outros. Está inscrito nos genes.

Cedo surgirão expressões como “Tu és mau” ou “Não gosto mais de ti”, sempre que estes se vejam contrariados por progenitores que sabem o que é melhor para eles. Balizar, claramente, o que pode e não pode ser permitido a uma criança o mais cedo possível evitará dissabores mais tarde ou corre-se o risco de se estar a criar um jovem adolescente sem a noção dos limites, facilmente influenciável e desajustado. Não é isso que algum pai ou mãe deseje. Os conflitos atribuídos ao chamado “fosso geracional” são normais, fazem parte do processo de crescimento e de afirmação do adolescente, são jogos de poder em que umas vezes se ganha e outras se perde. Cabe aos pais “maus” levar os seus filhos a bom porto com, apenas, ligeiros “ferimentos de guerra” de ambos os lados da barricada. E os pais “bonzinhos”? Bem, esses, com medo de contrariar os seus pequenos ditadores, acabam reféns de um défice de autoridade que, muito dificilmente, ajudará a educar para a cidadania a sua descendência. A partir de determinada altura, qualquer redirecionamento destes jovens sem limites só será possível com maiores efeitos colaterais. É bem mais fácil fazer uma vontade do que contrariar, no entanto, às vezes, contrariar é educar. Quanto mais cedo se definirem as regras do jogo e as linhas que o limitam, melhor para todos, porque “é de pequenino que se torce o pepino”.

Ana Cariano (elemento da Dir. da Assoc. Pais)

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