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Contas mal feitas!

Para saber vender é necessário saber negociar – premissa aceite na área da gestão, contudo, quando não é aferida pelas partes trás erros, erros graves que causam problemas de gestão claustrofóbicos.

Sem dúvida, esta premissa não foi acautelada pelo município da Guarda, quer na venda do Hotel de Turismo, quer na compra do edifício “Bacalhau”, ambos por concretizar, não obstante as contas do município andem em apuros à espera de receber aquilo que pela venda ainda não chegou. Porém, a pergunta a fazer já – será que vai receber? Ah, pois é! Quando os negócios são mal feitos e mal calculados, ou melhor calculados para dar prejuízo, que, de resto, foi este o caso, as instâncias que se seguem são os tribunais.

Deste negócio, de 3,5 milhões de euros, o município já recebeu: 400 mil euros com a assinatura do contrato de promessa de compra e venda, mais 1,3 milhões após a escritura. Perguntamos então onde investiu o município este dinheiro? Pois, a verdade, que é pública, é que a Câmara está com a dívida no “Top 10” dos municípios portugueses, tendo uma dívida bastante avultada para com as pequenas e médias empresas da região, facto que gera um efeito “bola de neve” na economia regional. Aceita-se já o principio de que quem trabalha para a CMG fica “ad eternum” para receber num desgaste sem medida que afeta pequenas e médias empresas prestadoras de serviços, algumas em serviços técnicos com recursos humanos na autarquia. Afinal quem pode assim aguentar?

Parece ainda que o município está já historicamente habituado a esta gestão de corda bamba, vergonhosa gestão que parece nalguns casos até abonatória financeiramente, senão vejamos:

– Porque paga a Câmara a água e luz da Ensiguarda e do jardim-de-infância do Porto da Carne? Ambas são instituições privadas Sr. Presidente, sendo certo que este precedente que abriu, que julgo ser ilegal, nos tempos de crise pelos quais passamos dá abertura a que todas as instituições privadas ocorram à CMG solicitando a mesma disponibilidade e com toda a legitimidade;

– Porque paga a Câmara a renda do “Bacalhau” ocupada pela Ensiguarda, que é de 25.000 euros mês (12.500 por piso ocupado)? Sim, é isto que está contratualizado com a empresa proprietária do edifício que recentemente processou a autarquia pelas rendas em atraso, julgo também que esta atitude SOLIDÁRIA é ilegal já que deixa de fora todas as outras instituições privadas que pagam renda pelo espaço que ocupam.

– Pior, porque fez a Câmara obra em propriedade privada no “Bacalhau” a favor da Ensiguarda? Instituição privada, porquê esta preferência?

Se não há dinheiro para as Juntas, porque se gasta mais de 500.000 mil euros em obras para a Ensiguarda no “Bacalhau”? A verdade é que a resposta a esta questão é que o edifício é da CMG numa iniciativa de salvaguardar o interesse económico e social para a região, porém as obras foram feitas à medida das necessidades da escola privada. Mas…. Nesta salvaguarda estão ainda inseridos todos os centros de formação, centros de apoio pedagógico e outras instituições privadas com sede no concelho, com o mesmo interesse económico-social para a região? Então, porque não ficam todos juntos no mesmo edifício?

Miseravelmente, tudo isto me parece ilegal, mas também as outras instituições privadas do concelho nada exigem, ficam de braços cruzados… Assim não! Paralelamente a tudo isto, vão-se fazendo pelo município pequenos “biscates” de engenharia financeira. No Centro Escolar da Sequeira a CMG pagou como novo um transformador com 16 anos, incrível! Está lá à vista de quem o quiser ver, tem uma placa, obrigatória por lei, com a data – 1995. Após consulta ao relatório da Direção Regional de Economia do Centro, este comprova que o equipamento é de 1995 e pede esclarecimentos técnicos. Então?

– Houve aproveitamento do transformador da antiga Cooperativa da Fruta, anteriormente ali instalada? Não.

– Será que esta menor valia foi tida em conta nas contas da empreitada? Não.

– Alguma empresa privada vendeu à CMG este transformador com 16 anos como se fosse novo? ….

A todos os guardenses desejo um ano de 2012 excelente, alertando que nestes momentos de crise instalada é necessário sermos todos mais críticos para com o que não está bem e é de todos, pois esta é uma participação cívica que se exige a qualquer um.

Por: Cláudia Teixeira

* Deputada do CDS/PP na Assembleia Municipal da Guarda

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Comentário:
Parabéns pela coragem na apresentação deste artigo
 

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