16 de Outubro
Na minha terra, não há gajas, há putas;
Mesmo as maminhas são wonder-bras caros
Com renda muito mais cara.
Na minha terra, não há homens nem nada.
As pilas, tão flácidas, da minha cama mudam à semana,
E as mulheres têm máquinas especialíssimas para desenraizar o clitóris.
As minhas quecas não são inefáveis.
Os gajos das minhas quecas é que são inefáveis.
Inefável é o que não pode ser contado.
(Inspirada por Jorge de Sena)
21 de Outubro
A queca roxa. O pus a resvalar bem cedo…
Morta por levar minha Alma àquela lua…
Ele dança, ele range. A gaita, ácida e nua,
Alastra-se pra mim em espasmos sem segredo…
Tudo é langonha ao meu redor, em golfas fátuas…
O tarolo endoideceu, upou-se e quebrou…
Que é isto?… Alabastro! O seu pénis parou
E do seu corpo mole não projectam estátuas…
(Inspirada por Mário de Sá-Carneiro)
26 de Outubro
Você tem-me cavalgado,
Seu safado.
Você tem-me cavalgado,
Mas nem por isso me fez
Ser má na cama como você.
Que uma coisa faz o impotente;
Outra quem anda contente.
(Inspirada por Alexandre O’Neill)
30 de Outubro
Tira-me o roupão, se queres,
Tira-me o ar, mas
Não me tires o sexo.
Não me tires da rosa
A lança que desprendes,
O líquido que de pronto
Jorrará da tua alegria,
Em repentinas ondas
De cor marfinosa.
(Inspirada por Pablo Neruda)
3 de Novembro
Em quarto escuro de pensão vadia
Bojuda verga deleitei na crica.
Entrada feroz mas em harmonia
Com meu rebordo que mudo não fica.
Fodemos, sem que houvesse à luz do dia
Tempo p’ra admirar a voraz pica.
Ora que bem passadas horas tais
Com um senhor amigo de meus pais.
(Inspirada por Manuel Maria du Bocage)
6 de Novembro
Zarolha cobrinha
Que me tem cativa.
Sinto-me bem viva
Sabendo que é minha.
Eu nunca vi grosa
Nos meus entrefolhos
Que a lidar nos molhos
Fosse mais fermosa.
(Inspirada por Luís Vaz de Camões)