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Venda do Hotel Turismo investigada

Polícia Judiciária está a ouvir pessoas ligadas ao negócio com o Turismo de Portugal e outros intervenientes

A Polícia Judiciária está a investigar a venda do Hotel Turismo da Guarda, tendo já sido ouvidas várias pessoas ligadas ao negócio e outros intervenientes, soube O INTERIOR. As inquirições ainda não terminaram e têm como objetivo deslindar a polémica aquisição pelo Instituto de Turismo de Portugal, que pagou 3,5 milhões de euros, menos 500 mil euros que um grupo de empresários da cidade tinha proposto ao presidente da Câmara.

Em junho de 2010, o executivo aprovou por maioria a venda do Turismo por 3,5 milhões de euros ao Instituto de Turismo de Portugal, que pretende transformar a unidade num hotel-escola de nível quatro. A maioria sempre defendeu ser esta «a melhor opção» para o espaço, por conciliar as vertentes de hotel e escola, permitindo à autarquia um «importante encaixe financeiro». A vinda do projeto para a Guarda até resultou de «uma intervenção difícil que o presidente da Câmara teve em Lisboa, junto do Governo e do Turismo de Portugal», realçou na altura o vereador Vítor Santos. Contudo, continuam por explicar por que motivos o município não ponderou a proposta de um grupo de empresários da Guarda que estava disposto a pagar quatro milhões. De resto, este grupo de privados terá chegado a assumir a inclusão da escola de hotelaria no projeto e a Sociedade Hotel Turismo, incluindo os seus 23 trabalhadores, despedidos entretanto.

A aquisição pelo Turismo de Portugal foi selada em véspera de eleições legislativas, no final de maio passado. Nesse dia, a autarquia recebeu 1,3 milhões de euros com a escritura de compra e venda do edifício, depois de terem sido pagos 400 mil euros por ocasião da assinatura do contrato promessa de compra e venda. O restante, cerca de 1,7 milhões, terá que ser liquidado até 28 de fevereiro deste ano. O novo proprietário prometeu fazer do hotel a primeira escola de hotelaria especializada em saúde e bem-estar, investindo 10 milhões de euros. A sua abertura estava prevista para o arranque do ano letivo de 2013/2014, devendo a empreitada ser lançada este ano.

Desde outubro de 2007 que o hotel estava a ser gerido pela autarquia, depois da rescisão do contrato com a Predial das Termas. Dos 110 quartos disponíveis antes já só eram utilizados 59, fundamentalmente para participantes de actividades promovidas pela Câmara ou grupos. Em Abril de 2010, O INTERIOR noticiou que a sociedade Hotel Turismo estava em falência técnica, pelo que, para evitar a sua dissolução, ao abrigo do artº 35 do Código das Sociedades Comerciais, a Câmara da Guarda – a única acionista desta sociedade por quotas – foi obrigada a transferir mais dinheiro para compensar a perda de mais de metade do seu capital social. Na altura, o relatório de contas referente ao ano anterior revelava que o resultado líquido de 2009 e os capitais próprios previsionais estavam «sobreavaliados em cerca de 107 mil euros e 345 mil euros, respetivamente».

Recorde-se que a autarquia deixou escapar os apoios do SIVETUR (Sistema de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica) para a requalificação do Hotel de Turismo, tendo sido obrigada a candidatar-se ao Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) “Serra da Estrela”. O que ficou definido desde logo é que o hotel, projetado por Vasco Regaleira na década de 40, seria vendido a privados, sendo que a autarquia, proprietária e gestora da unidade, optou pela alienação de quotas por negociação direta.

Luis Martins

Comentários dos nossos leitores
Luís lacomunica@gmail.com
Comentário:
Mas ninguém vai preso!!!
 

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