A Câmara da Guarda aprovou na segunda-feira um aumento sem precedentes das tarifas de saneamento e resíduos sólidos urbanos. No próximo ano, a fatura que os munícipes vão pagar será ainda agravada pela subida do preço da água, estimando a oposição, que votou contra, que os guardenses venham a pagar «efetivamente mais cinco por cento» relativamente aos preços atualmente em vigor.
No entanto, voltou a registar-se um desencontro de contas entre maioria e oposição – é sempre assim quando se trata de números, que não foram disponibilizados aos jornalistas. No caso da água, Vítor Santos, presidente dos Serviços Municipalizados (SMAS), indicou aumentos para a maioria dos escalões, à exceção dos consumos mais baixos (até cinco metros cúbicos) e dos beneficiários de tarifas sociais. Já o setor do comércio e indústria beneficiará de uma redução, já que o metro cúbico consumido passará a custar 0,77 cêntimos (até cinco metros cúbicos) em vez dos atuais 1,15 euros. «É o valor mínimo em termos de preços e com isso queremos apoiar essas empresas», disse o também vereador, justificando que os novos preços cobrados no saneamento «apenas refletem o valor que os SMAS têm que pagar à Águas do Zêzere e Côa». Por sua vez, o social-democrata Rui Quinaz garantiu que há um «aumento brutal» nas tarifas de saneamento, o que só entende como «forma de compensar o não aumento dos preços da água».
E pelas suas contas, na fatura, nenhum cliente vai escapar. «O comércio vai pagar mais quatro por cento e os consumidores do primeiro escalão mais 16 por cento, enquanto os do segundo pagarão mais 13 por cento. Em média, o munícipe vai efetivamente desembolsar mais cinco por cento na fatura», disse o vereador, cujas contas foram consideradas «demagógicas» por Vítor Santos. Oposição e maioria voltaram a divergir nos aumentos propostos para os resíduos sólidos urbanos (RSU). O vereador Gonçalo Amaral admitiu que, com os novos preços, uma família que gasta até 10 metros cúbicos de água – o que representa 95 por cento dos consumidores – terá «um aumento real de 2,56 euros». Subida que justificou com o facto da Câmara da Guarda estar «a cobrar muito pouco nos RSU», tendo admitido também que a autarquia «precisa agora destas receitas pelos erros de gestão do passado».
Nesta reunião, unanimidade mereceu um voto de louvor a Eduardo Lourenço pelo Prémio Pessoa e também as preocupações com o eventual encerramento da maternidade e da delegação da RTP. No primeiro caso, Joaquim Valente disse ser de «elementar justiça que não se feche» por ser a maternidade do Hospital Sousa Martins a que tem mais partos. Rui Quinaz concordou e garantiu que o PSD está «atento e defenderá também a sua manutenção». Presidente e vereador da oposição também convergiram contra o possível fim da delegação da televisão pública, cujos profissionais «têm levado a Guarda e o distrito a todo o mundo». O executivo aprovou o regulamento do Fundo Municipal de Emergência Social, dotado de 50 mil euros, verba que servirá para comparticipar contas de água e luz, a compra de alimentos, despesas de saúde e da habitação dos agregados carenciados já sinalizados pelos serviços sociais da Câmara.
No final houve ainda tempo para ouvir Luís Celíneo, presidente do Clube Escape Livre, que aproveitou o período aberto ao público (na última reunião do mês) para solicitar ao executivo o pagamento de 9.250 euros de apoios em atraso ou uma carta do município para apresentar ao banco como garantia para um empréstimo que permita à coletividade cumprir as suas obrigações. Joaquim Valente disse que só a segunda opção é viável neste momento.
Luis Martins
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