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Carta ao Pai Natal

Queremos que se mantenham abertas as maternidades sem ficarmos cometidos à maçada e à despesa de ter os filhos que as justifiquem. Também queremos que se mantenham abertos os serviços de urgência de todos os hospitais e centros de saúde, independentemente do número de utentes que tenham e, já agora, que sejam devidamente apetrechados de meios humanos e materiais. Também queremos a abertura de um posto da GNR em todas as freguesias que o não tenham. Deverá ainda haver uma universidade (com faculdade de medicina) em todas as sedes de distrito. Deverá voltar a haver governadores civis. O Estado deve voltar a contratar pessoal e continuar a abrir escolas, de modo a que seja dado emprego a todos os professores desempregados e, em geral, a todos os que não obtenham trabalho devidamente remunerado no sector privado.

Queremos que não nos diminuam o salário e não aceitamos que nos aumentem o horário de trabalho. Melhor ainda: exigimos melhores salários e menos horas de trabalho, única forma de podermos garantir algum aumento de produtividade. Quando este se verificar quereremos, como os pilotos da TAP, uma parte dos lucros. Quanto à reforma, nem passar em subi-la para os sessenta e sete anos. Deveria baixar para os sessenta, com possibilidade de ser antecipada aos cinquenta e cinco, ou até menos, e o seu montante ser calculado com base na última retribuição e por inteiro, como era na função pública e deverá passar a ser para todos.

Não queremos ser despedidos em circunstância alguma e, nos casos (impossíveis) em que isso seja admissível, a indemnização a pagar deverá ser de quatro meses por ano de antiguidade.

Deve deixar de haver exames. Os alunos devem ser classificados no sistema de autoavaliação. Os professores também, assim como, de resto, todos os funcionários públicos – única forma de ser aceitável a promoção por mérito. Deve deixar de haver quotas para a avaliação, tal como não pode haver limites, se não à excelência, pelo menos à bondade.

Devem baixar os impostos que não possam, pura e simplesmente, ser eliminados. As portagens é para acabar. Em todas as autoestradas, pontes e SCUTS, físicas ou virtuais, recentes ou antigas.

Deve haver uma amnistia geral sobre as dívidas à banca, estrangeira ou nacional, e devem baixar significativamente as taxas de juro, de forma a podermos pedir mais dinheiro emprestado e a menor custo.

Queremos um governo melhor. Ao menos isso, já que parece impossível obter, sem emigrar, um país melhor.

Por: António Ferreira

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