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Pousada de Almeida pode ser a próxima a encerrar

Unidades do Caramulo e de Castelo de Bode têm destino traçado, Senhora das Neves e São Gens podem seguir-se-lhes

A Pousada da Senhora das Neves, em Almeida, pode estar no grupo das próximas unidades hoteleiras que a Enatur pretende encerrar. Ainda nada é certo, mas a convicção de Norberto Gomes, presidente da Comissão de Trabalhadores da Empresa Nacional de Turismo, é que, depois das Pousadas de São Jerónimo (Caramulo) e de São Pedro (Castelo de Bode), as unidades de Almeida e de São Gens (Serpa) estarão ambas «na ponta da navalha». A unidade caramulense já foi vendida à Sociedade Lusa de Negócios, enquanto a de Castelo de Bode (Tomar) vai mesmo encerrar no próximo dia 15 por falta de compradores, tendo-se já iniciado um processo de despedimento colectivo.

Apesar desta situação ainda ser apenas uma hipótese, Norberto Gomes admite a “O Interior” poder tratar-se de uma estratégia do Grupo Pestana, que desde o passado dia 1 de Setembro assumiu a gestão das 42 Pousadas de Portugal existentes no país, de «ir encerrando pouco a pouco» algumas destas unidades. «O que lhes interessa é fazer dinheiro e há pousadas que não são nada rentáveis», explica o dirigente sindical, mais preocupado com o destino dos trabalhadores. É que a Enatur «não salvaguardou os operários» quando fez o contrato com o Pestana Pousadas, lamenta, referindo que na “lista negra” poderão estar ainda as unidades da Batalha e de Monsanto, que se juntam à da Quinta da Ortiga (em Santiago do Cacém) e à de Santa Bárbara (Oliveira do Hospital), excluídas da rede antes da privatização da Enatur. «Podem querer fechá-las duas a duas», antecipa Gomes, referindo que «não há nada de novo» em relação à Senhora das Neves nas reuniões que tem tido com a administração da Enatur. Sabe-se apenas que haverá um grupo hoteleiro interessado em comprá-la, mas «desconhecemos quem é». Porém, se as partes não chegarem a acordo, a pousada «vai mesmo fechar», avisa, relembrando que a Câmara de Almeida está «muito» interessada em que a estrutura continue a laborar, sobretudo pela preservação dos postos de trabalho dos 20 funcionários e pela manutenção do turismo, muito embora precise de obras de fundo.

Uma situação que Norberto Gomes critica pelo facto da Enatur estar prestes a gastar milhões de euros em seis novas pousadas históricas (quatro no continente – onde se inclui a da Serra da Estrela – e duas nos Açores), sem «nunca» se ter preocupado em fazer obras nas existentes. «Como grupo privado, interessam-lhes as mais lucrativas e algumas são autênticas máquinas de fazer dinheiro», revela Gomes, garantido que as regionais e as «mais fracas financeiramente» vão ficar para trás. Para já, a Comissão de Trabalhadores da Enatur espera a sentença do tribunal sobre o processo instaurado à privatização da empresa, que «não foi clara para com os trabalhadores». O objectivo é impugnar a venda das pousadas e «fazer parar» o que o Governo (accionista maioritário) e o Grupo Pestana estão «a fazer à Enatur», explica Norberto Gomes, para quem se trata de um «assassínio».

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