Um pastor e uma cabra são os novos “habitantes” do presépio XXL feito em gesso que a aldeia do Pereiro, no concelho de Pinhel, se orgulha de exibir há três anos. Ao todo, já são sete as figuras – as duas novas juntam-se ao Menino Jesus, Virgem Maria, São José, o burro e a vaca – que se destacam pela sua altura e peso, havendo algumas com 4,5 metros e 1.200 quilos.
Os “escultores” são gente da terra – um grupo de cerca de 20 amigos com as mais diversas profissões, entre camionistas, agricultores ou comerciantes – que se junta, ao serão, para construir mais peças e tornar o presépio cada vez maior. O objetivo é «daqui a 10/15 anos ter um grande presépio e transformarmos o Pereiro num presépio gigante. Ser o maior da Península Ibérica começou como uma brincadeira, mas pelo menos queremos uma coisa que se veja a nível nacional», explica um dos mentores. Carlos Franco indica que a ideia surgiu há três anos quando «achámos que era interessante recuperar a tradição do presépio que estava um pouco esquecido e então resolvemos fazer com esta escala para marcar a diferença, porque de presépios tradicionais andamos todos cheios».
Foi assim que se juntaram vários habitantes da aldeia, «normalmente das nove da noite à uma da manhã e gastamos dois ou três meses nisto para fazer mais algumas peças», refere. O professor e arquiteto sublinha que a iniciativa tem «grande adesão da população tanto da aldeia, participando na construção, como a nível da cidade e do concelho de Pinhel», já que vários comerciantes vão dando uma ajuda com materiais de construção, ferro, areias, britas, enquanto a Câmara garante «alguma ajuda logística e a nível de iluminação». Carlos Franco refere que desde que o presépio começou a ser exposto que «é notório» um acréscimo de visitas à aldeia: «As pessoas vêm de propósito e é interessante porque não é hábito a nossa população ir de propósito aos sítios. Ficamos muito contentes e dão-nos os parabéns», assume. Ao longo do tempo, vão surgindo «algumas dificuldades inerentes a quem não é escultor» como «dominar os materiais» e transportar as figuras quando ficam prontas. Outra contrariedade é não haver um local onde guardar as peças, que este ano ficaram ao ar livre no campo de futebol da aldeia.
Luís Pereira é um dos “artistas” que participa «ativamente desde o primeiro ano» na construção de uma ideia que considera «muito brilhante» e na qual toda a gente coopera. O jovem natural da aldeia ironiza quando diz que, «em vez de irmos para o café beber minis, vimos para aqui “dar” no gesso». Já Luís Vicente, por ser camionista não pode ajudar tanto como desejaria, mas ainda chegou a tempo de tornar mais perfeita uma certa parte do corpo da cabra: «Acho que não estavam bem e tentei compô-las [tetas] melhor um bocadinho», brinca. Laura Martins, de 25 anos, é das mais novas a participar e explica que enquanto os homens fazem o trabalho mais pesado, ela e outras colegas dão «sempre uma mãozinha no que for preciso. Quanto mais somos melhor, o mais giro é quando já estão expostas e vemos as pessoas a apreciar. Sentimos orgulho». O presépio está exposto desde o passado fim-de-semana à entrada da aldeia do Pereiro, onde ficará até final de fevereiro.