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Frimário

1. A agenda da Guarda já vai no 2º número. Produzida pela CulturGuarda, inclui a oferta instalada e de programação existente na cidade, no período em referência. Dispõe de uma organização temática que inclui a cultura nas suas várias vertentes, encontros/conferências/debates, desporto, formação, feiras e festas, “para os mais novos” e informação útil diversa, com destaque para a restauração e hotelaria. Para facilitar a consulta, acompanha um cronograma e um mapa sinalizado do centro da cidade. Uma ferramenta indispensável para os cidadãos residentes, visitantes, instituições, ou simples curiosos que, em menos de 10 minutos, quiserem ficar a par do que se passa na cidade e nunca ousaram perguntar. Mas para lá da sua óbvia utilidade, a existência de uma agenda como esta pressupõe uma série de benefícios, alguns dos quais passo a enumerar: centralização e sistematização da informação recolhida; maior atenção em relação à sobreposição de eventos, promovendo a sua coordenação prévia; sensibilização dos agentes empresariais e instituições locais para uma divulgação mais criteriosa e uma oferta mais diversificada de produtos e serviços; funcionamento em rede; reforço da identidade local; espaço ideal para quem quer divulgar eventos de menor dimensão e não tem outros meios para o fazer…

2. A revista “Sábado” (em http://bit.ly/tGsVJg) acaba de efectuar um teste rápido a um painel de 100 alunos de vários estabelecimentos de ensino superior de Lisboa. Ou seja, um vídeo onde são feitas cerca de 12 perguntas de algibeira a que um aluno do 9º ano deveria responder sem hesitações. Contudo, os resultados são verdadeiramente alarmantes e deveriam fazer corar de vergonha os responsáveis pela situação. Alguns exemplos: 1. Os Maias foram escritos “por um tipo chamado Egas”, ou por “aquele que morreu há pouco tempo”. 2. O símbolo químico da água é o PH0. 3. Manoel de Oliveira é escritor, maestro e… cinematógrafo. 4. Leonardo Di Caprio pintou a Mona Lisa. 5. Durão Barroso não é, “de certeza”, o Presidente da Comissão Europeia. Ou não será antes “aquele francês cujo nome não me lembro”? 6. A capital dos EUA é variável: Nova Iorque, a Califórnia, ou mesmo… a Inglaterra. 7. Vasco Santana protagonizou “O Padrinho”, sendo Marlon Brando “um grande escritor”. 8. A Chanceler alemã não é o Mel Gibson “de certeza”. Ou então, não será a “merc.. merc… qualquer coisa”? 9. Miguel Arcanjo pintou o tecto da Capela Sistina. 10. O director da Microsoft “foi o senhor que morreu há pouco tempo, Bill qualquer coisa…” 11. Moisés ou os Apóstolos escreveram o “Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Um não sabe porque “não é católico”. Outro alvitrou “ninguém”, ou mesmo “não sei, pois já foi há muitos anos”. Bom, uma coisa é certa: “não foi o Saramago”, afirmou alguém…

Por outro lado, muitos não ligam a “essas coisas” como artes, literatura, religião, política, cinema, informática e cultura geral. Balelas, claro! Em suma, este vídeo bem podia ser um sketch dos “Gato Fedorento”. Mas infelizmente não é, superando assim os piores pesadelos. Trata-se da ilustração de como a ignorância pode ser realmente pornográfica. Aposto que grande parte deles foram mesmo “bons alunos” no secundário. O problema não está só no processo de Bolonha. Está no famoso e (aparentemente) premiado sistema de ensino em Portugal. Onde pontuam luminárias desejosas de pôr em prática teorias pedagógicas que ninguém entende, mandarins de diversa ordem e ilustração, o “deixa andar”, o facilitismo. Não vi melhor prova até hoje onde pode levar a obsessão pelo (in)sucesso escolar, o investimento num monstro insaciável que se alimenta de si próprio: à ignorância mais miserável.

3. Onde pára o Ambrósio da publicidade aos bombons Ferrero Rocher??? Lembram-se? Eis uma questão que me tem atormentado ultimamente. Alguém sabe alguma coisa do paradeiro deste mestre da dissimulação? Se souberem, façam favor de avisar. No meio dos circunlóquios a que esta magna interrogação me obriga, várias hipóteses se materializaram entretanto no meu espírito: 1º foi finalmente viver com a patroa (nunca este termo se aplicou com tanta propriedade); 2º foi comprar tabaco, sendo depois visto a rondar uma escola secundária com uma caixa de bombons; 3º dedicou-se à pesca e usa meias brancas; 4º casou com a criada e corta as unhas à janela, enquanto olha para o decote da vizinha de baixo; 5º tornou-se assessor artístico da patroa e é frequentador de leilões; 6º explora um salão de jogos e tem umas “gaijas” a render.

Por: António Godinho Gil

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

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