A linha existe, mas o comboio não se sabe se regressa. A circulação na via ferroviária entre a Guarda e a Covilhã está suspensa desde março de 2009, para obras de modernização, e agora a sua reabertura parece ser cada vez mais uma miragem. «No documento do Plano Estratégico dos Transportes (PET), elaborado pelo Governo, não se prevê que a linha encerre mas também não há referências sobre uma possível intervenção», adiantou fonte da REFER a O INTERIOR.
Duas das empreitadas previstas para o troço já estão concluídas. Numa obra orçada em mais de 2 milhões de euros, procedeu-se «ao reforço da estrutura e do sistema de drenagem do túnel do Sabugal [Barracão]», explicou na altura a REFER. O equipamento data de 1885, daí a necessidade de intervenção. Noutra obra, previa-se a renovação integral de uma parte da via, nomeadamente ao nível da melhoria das condições de drenagem da plataforma e do prolongamento e aumento da altura das plataformas de passageiros na estação de Belmonte e no apeadeiro de Caria. Se as obras foram feitas “em vão” ainda não se sabe, tudo depende da decisão da tutela. Por enquanto, «até o processo de reestruturação na área dos transportes estar concluído não deverá haver novidades», adiantou ainda fonte da empresa. Além disso, a reabertura da linha também dependerá do «interesse comercial da CP». Ou seja, mesmo depois das obras de modernização ficarem concluídas, a circulação de composições só regressa se a Comboios de Portugal o entender.
O documento que traça um novo plano para os transportes é “severo” para 622 quilómetros de linha férrea que poderão, de facto, encerrar. É o caso das vias ferroviárias do Leste, do Oeste (entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz) e do Vouga, por exemplo. A linha do Alentejo, entre Beja e Funcheira, a linha de Cáceres, do Tua, Corgo e Figueira da Foz – que atualmente têm a circulação suspensa – também deverão ser encerradas. Com este plano, prevê-se que a rede ferroviária em Portugal fique, em 2012, com menos 40 por cento das linhas que possuía no auge da sua atividade, em 1944. No documento, o Governo fala em transportes rodoviários alternativos nas vias em causa, mas no mês passado a CP apressou-se a rejeitar a responsabilidade de suportar esses custos.
Catarina Pinto