Os nervos estiveram à flor da pele na última reunião da Câmara da Guarda, onde a tensão entre maioria e oposição voltou a subir de tom. A chuvada do passado dia 2 foi o rastilho para insultos e acusações, com Joaquim Valente a chamar Rui Quinaz de «ignorante» e «irresponsável». E este a devolver-lhe o mimo, dizendo que «o senhor presidente é especialista em saneamento urbano, talvez seja a única coisa em que é especialista, pois está-se perfeitamente a ver para onde conseguiu levar esta cidade».
Tudo começou por causa dos estragos causados pela intempérie da semana passada nos bairros de S. Domingos e da Luz. Rui Quinaz lamentou as consequências da chuvada de dia 2 e constatou que bairros «com cerca de 20 anos já não reúnem o mínimo de condições de habitabilidade e de infraestruturas». O vereador da oposição insistiu declarando que são «puras aberrações», tal como o coletor de águas pluviais no entroncamento entre a Rua Calouste Gulbenkian e a António Sérgio. Foi quanto bastou para fazer “saltar a tampa” ao presidente. «Dizer isso é pura ignorância, pois o que é preciso mudar é o coletor na Calouste Gulbenkian, que está hoje ultrapassado face ao número de fogos habitacionais existentes na zona», respondeu Joaquim Valente. No final da reunião, aos jornalistas, o autarca acrescentou que o problema será solucionado com o projeto da regeneração urbana, que «é importantíssimo para redimensionar infraestruturas básicas da cidade com 40 ou 50 anos».
Mas para avançar no terreno e mudar condutas e adutoras ainda falta o visto do Tribunal de Contas, sendo que esta empreitada «não interfere em nada» com as expropriações previstas no projeto da requalificação do “Arco Comercial” da Guarda e que ainda não estão negociadas, assumiu. Os desaguisados prosseguiram a propósito da iluminação de Natal. «No ano passado, a Guarda parecia uma cidade abandonada. Não se admite que não haja iluminação de Natal, que deve ser uma das prioridades da Câmara, tal como os eventos do Carnaval ou da Feira de S. João», considerou Rui Quinaz. A vereadora Elsa Fernandes respondeu que «não há capacidade financeira para assumir esse encargo» e acrescentou já não haver apoios «como havia antes». Mas Joaquim Valente acrescentou que «haverá algumas luzes, sem exageros», além de «propostas alternativas para dinamizar o espírito do Natal».
O eleito social-democrata não gostou deste meio termo e contra-atacou. «O senhor presidente está perfeitamente a borrifar-se para os comerciantes e os empresários. É uma vergonha. Há dinheiro para aquilo que o senhor sempre quis, mas não há para o que é mais importante para a dinâmica da cidade», criticou, sublinhando que a atual gestão camarária é «uma miséria».
Luis Martins