O “caso Dreyfus” português, protagonizado pelo capitão Barros Basto, considerado pela família vítima de antissemitismo em 1937, chega hoje à Assembleia da República através de um requerimento para reabilitação póstuma apresentado pela neta.
«A presente petição tem como fundamento a violação grave de direitos humanos e a afetação intolerável do núcleo duro dos direitos fundamentais materialmente protegidos pela Constituição da República Portuguesa, pelo que se requer a intervenção da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias», começa por dizer o documento citado pela agência Lusa.
A história remonta a 1937 quando o Conselho Superior de Disciplina do Exército decidiu pela «separação do serviço» o capitão Arthur Carlos Barros Basto por considerar que não possuía «capacidade moral para prestígio da sua função e decoro da sua farda». A memória e ação do militar, exonerado das funções de oficial por ser judeu e defensor da tolerância religiosa, tendo apesar de tudo empreendido esforços para recuperar a identidade judaica portuguesa, foi recordada no II Festival da Memória Sefardita, que decorreu na Guarda, Belmonte e Trancoso em setembro passado.