Um acordo ortográfico que unificasse o português de Portugal e o do Brasil era esperado há muito. Em 1911 o nosso país tentou fazê-lo mas, devido a falhas de comunicação, as alterações acabaram por entrar em vigor somente em Portugal. Desde então, foram assinados acordos em 1943 e 1971.
A divergência linguística observada nos países de língua oficial portuguesa levou a que em 1990 fosse assinado um novo acordo. Este foi ratificado por Portugal em 2008, prevendo-se um prazo de 6 anos para a sua plena entrada em vigor. É com este período de adaptação que estamos a lidar no momento e existe uma razão em especial para a controvérsia atual: nas reformas anteriores a grafia mantinha-se parecida com a do português de Portugal. Neste último definiram-se algumas regras que aproximam a nossa grafia à do Português do Brasil, o que dificulta o processo de aceitação por parte dos portugueses.
Face aos factos o nosso primeiro pensamento foi: “Porque temos de ser nós a mudar e não eles?”. A resposta surge rapidamente: “eles” são muito mais do que nós e se pensarmos bem até faz bastante sentido visto que uma das principais alterações tem a ver com a eliminação das consoantes mudas de palavras. Mas não vai ser fácil habituarmo-nos a tal mudança. Escrever é um ato social que aprendemos e treinámos até nos sair naturalmente. Escrevemos praticamente sem pensar e por isso está e vai ser tão difícil. Estaremos em fase de transição das duas grafias até 2014 e por isso já se ouvem comentários como: “O exame de Português é antes de 2014, por isso não vou aprender a escrever pela nova grafia”.
Os livros escolares já são praticamente todos escritos segundo as regras do novo acordo, porém são muito poucas as aulas em que este é aplicado pois estamos ainda todos em adaptação. Em Português vários professores estão a introduzir gradualmente as regras e espera-se que na ESAA se carregue no botão para que no momento X seja dado o sinal de arranque e todos caminhemos na mesma direção. Vai ser necessário tempo e persistência para que modifiquemos os nossos hábitos de escrita, mas passa tudo por um processo de habituação. Daqui a uns tempos, sem que nos apercebamos, estaremos a escrever segundo as novas regras e as palavras escritas com a grafia antiga parecer-nos-ão horrivelmente mal escritas.
Rita Rodrigues (11º B)
