Um mineiro de 20 anos morreu e outro ficou ferido num desabamento ocorrido no interior das Minas da Panasqueira na segunda-feira. Micael Lopes trabalhava há pouco mais de um ano no complexo e era natural de Alcaria (Fundão), onde foi ontem a enterrar.
O acidente aconteceu quando operava uma máquina com que é feita a limpeza das frentes de escavação, no interior das galerias. O desabamento surpreendeu o jovem, que estava a fazer uma hora extra após o seu turno, quando este saiu para a frente da máquina, tendo ficado soterrado. Em solidariedade com o colega, os restantes mineiros da Panasqueira recusaram trabalhar anteontem de manhã. «O pessoal novo não tem formação. Hoje em dia, quem vai para dentro de uma mina vai com o coração na mão. A segurança é pouca e eles querem é produção», acusou Luís Paulo, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira. Nesse mesmo dia, a Sojitz Beralt, empresa concessionária da Panasqueira, efetuou um inquérito cuja conclusão remete para um descuido da vítima.
Segundo o relatório, o operador «estava a fazer limpeza da mina com uma máquina, quando a largou para ver qualquer coisa à frente e nessa altura caíram pedras em cima dele», referiu o presidente do Conselho de Administração da Sojitz Beralt. As pedras «já estavam soltas e ele, por descuido ou por não ter pensado ou acreditado que era tão perigoso, em vez de as deitar abaixo com uma ponteirola [espécie de lança que se crava no teto para averiguar se há queda de pedras], ficou ali», acrescentou Correia de Sá, que refutou as críticas do Sindicato Mineiro sobre falta de condições de segurança na mina.