O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) não conseguiu inverter os números e, na segunda fase de acesso ao ensino superior, apenas 161 vagas foram ocupadas, sobrando ainda mais de 400 lugares. O presidente da instituição reconhece que «os resultados ficam aquém do desejado», mas afirma que atribuir este “desfecho” «a causas locais ou ao próprio IPG é ter uma visão distorcida da realidade».
Embora assuma que o Instituto tem de criar novas formas de divulgação para atrair mais alunos, Constantino Rei garante que «aquilo que depende apenas do IPG não é suficiente para resolver o problema». O responsável considera que há um «desajustamento das vagas face à procura» e, nesse sentido, exige uma «racionalização da oferta» em todo o país, tendo em conta que os estabelecimentos de ensino superior que costumam ser mais penalizados estão no interior. De facto, das 789 vagas iniciais do IPG – e concluídas as duas fases do concurso nacional – foram apenas ocupados 473 lugares. Licenciaturas como Engenharia Topográfica (uma vaga ocupada), Contabilidade (1), Animação Sociocultural (1), Gestão de Recursos Humanos (3) ou Energia e Ambiente (3) foram alguns dos cursos que registaram baixa procura por parte dos estudantes. Na Escola Superior de Turismo e Hotelaria (pólo de Seia) entraram nesta fase 22 alunos. Os resultados mais animadores estão em cursos como Desporto e Enfermagem (com entrada no 2ª semestre), onde todos os lugares disponibilizados (31 e 37 respetivamente) foram preenchidos.
Na opinião de Constantino Rei, o cenário só se pode inverter com a intervenção da tutela. «Não é um problema local, tem causas mais vastas. Além da questão demográfica, há demasiadas vagas em certas áreas e em certas instituições», refere. Por entender que o interior sai sempre prejudicado na “balança” face ao litoral, o presidente do IPG concorda com a moção proposta pelo deputado social-democrata Pedro Nobre na última Assembleia Municipal, em que se sugere que o Ministério da Educação reduza as vagas disponibilizadas nas instituições de ensino superior do litoral. «Não é uma medida popular, mas trata-se de uma questão de justiça porque o sistema é financiado por todos e não se pode investir apenas nos grandes centros», defende o professor, acrescentando que a proposta «não resolve todos os problemas, mas a curto prazo pode estancar o emagrecimento das instituições do interior».
UBI com mais 238 vagas preenchidas
Na Universidade da Beira Interior (UBI) são poucos os lugares disponíveis. Das 1.295 vagas disponibilizadas logo na primeira fase, restam agora apenas 110, já que foram colocados 238 alunos nesta etapa do concurso nacional. Licenciaturas como Arquitetura (26 vagas preenchidas), Optometria (20), Ciências do Desporto (19), Design de Moda ou Economia (17) registaram uma taxa de ocupação máxima. Em Medicina – provavelmente um dos cursos mais “cobiçados” da universidade – foi preenchida uma vaga (lugar libertado pela recolocação de estudantes que entraram na primeira fase). Já em Filosofia, das 19 vagas disponibilizadas apenas duas foram preenchidas. Dos 29 cursos oferecidos pela UBI, 20 obtiveram a taxa de ocupação máxima no conjunto das duas fases do concurso. À semelhança de anos anteriores, Medicina regista a nota de colocação mais elevada (18,48 valores), seguindo-se Ciências Farmacêuticas com 17,2. No conjunto das duas fases, entraram no ensino superior 50.641 alunos, enquanto no ano passado ficaram colocados 49.432.
Catarina Pinto