De acordo com a edição do jornal “Público” da última segunda-feira, a CP quer abandonar os serviços rodoviários alternativos nas linhas encerradas como as do Corgo e Tâmega, o Ramal da Lousã e os troços Guarda-Covilhã e Figueira da Foz-Pampilhosa, numa medida que permitirá uma poupança anual de 2,4 milhões de euros.
Os troços em causa, como o da Guarda-Covilhã, foram encerrados para a realização de obras e a CP continuou a assegurar a mobilidade dos passageiros através de um serviço rodoviário alternativo contratualizado com operadores locais. O pagamento desses serviços às empresas de camionagem custa à empresa cerca de 200 mil euros por mês, sendo que, segundo aquele diário, a ligação entre a Guarda e a Covilhã representa um custo mensal de 10.798 euros. Em resposta a perguntas do “Público”, a CP argumenta que, «em locais onde não existe infraestrutura ferroviária disponível para a prestação do serviço de transporte ferroviário, não deveria ser o operador deste transporte a ter que assegurar as alternativas de mobilidade, mas sim operadores rodoviários locais». De resto, a empresa esclarece ter já apresentado esta posição ao Governo e ao IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres) juntamente com propostas para alterar a situação vigente, aguardando neste momento a conclusão de estudos em curso pelo IMTT que deverão verificar se a oferta rodoviária nestes locais permite assegurar as necessidades de mobilidade das populações residentes».
O jornal lembra que, ao longo dos anos, foi sempre implementado um serviço rodoviário de transporte de passageiros alternativo quando encerraram linhas ferroviárias, nalguns casos com autocarros da própria CP e noutros através de contratos com operadores privados. Contudo, progressivamente, e acompanhando uma redução da procura, esses serviços foram extintos. Confrontado por O INTERIOR com a posição da CP, Luís Salvador, administrador da Joalto/Rodoviária das Beiras SA, operador que assegura o transporte alternativo no troço Guarda-Covilhã, salienta que «essa intenção não é nova». «Já me contactaram no início deste ano para tentar essa possibilidade. Dissemos que podem fazer o que quiserem desde que cumpram o que está estipulado», declarou. Nesse sentido, recorda que há «uma relação comercial com a CP» e que existe «um contrato de prestação de serviços» de transporte rodoviário, enquanto não houver comboios a circular, «válido até final de 2012». Luís Salvador disse esperar que a CP cumpra esse contrato. «É o que é expectável», adianta, indicando que «o que me disseram na altura foi que o ministro queria acabar com todos os serviços rodoviários alternativos nos troços mais pequenos».
Ricardo Cordeiro