A entrega de 71 casas de habitação social na Urbanização do Bairro das Nogueiras, na freguesia do Teixoso, marcou um dos momentos “mais altos” do rol das inaugurações dos 133 anos de elevação a cidade. É que além de se tratar do alojamento de famílias carenciadas que aguardam há mais de um ano pela possibilidade de habitarem naquele empreendimento, foi também a oportunidade do edil covilhanense criticar a oposição e defender-se das acusações lançadas pela Coligação Democrática Unitária (CDU). Recorde-se que há pouco mais de um mês, a CDU acusou a autarquia de actualizar as rendas (de acordo com o Decreto-Lei nº 166/93 de 7 de Maio) com «valores insuportáveis e inaceitáveis» para as famílias que necessitam de apoio social, sendo que em alguns casos os aumentos excediam «o dobro ou o triplo». «Não dêem atenção a essas aves de mau agoiro», sugeriu Pinto aos moradores, lamentando que «uns senhores do PCP» tenham vindo «sem alguma vergonha, bater à porta dos que cá moram perguntar se tinham alguma coisa contra a Câmara. Vieram dizer que as rendas estavam muito caras», recriminou o autarca, quando apenas algumas famílias tinham sido sujeitas a essa situação pela falta de entrega dos papéis justificativos do rendimento do agregado familiar. «Esses senhores que metem a habitação social no discurso nunca tiveram em atenção as necessidades da população», acusa, revelando serem «os mesmos» que o tentam «desincentivar» nas Assembleias Municipais à construção de casas sociais. «Não os consigo descobrir aqui para festejarem connosco», ironizou Pinto, garantindo que o actual executivo «não recebe lições sobre política social».
O Partido Socialista também não escapou às críticas de Carlos Pinto, para quem «uns senhores do PS» são responsáveis pelo impasse vivido nos 148 fogos de habitação social concluídos no Tortosendo. Recorde-se que Artur Meireles, líder parlamentar do PS, é o presidente da mesa da assembleia-geral do Sport Tortosendo e Benfica. Colectividade que em Abril último interpôs uma acção judicial contra a Câmara e a Junta de Freguesia do Tortosendo por estarem a ocupar indevidamente os terrenos do clube com quatro blocos habitacionais.
600 casas de habitação social até final 2004
As casas entregues na última segunda-feira a 71 famílias fazem parte da segunda fase de um empreendimento inaugurado no ano passado, com a entrega de 64 fogos de habitação social. Construídas pela Somague, o empreendimento total custou cerca de 7,9 milhões de euros à Câmara da Covilhã. É que, apesar ser uma «iniciativa municipal com o apoio do Estado», os 71 fogos significam um «encargo para os próximos 20/25 anos, em que o concelho vai estar a pagar as casas», explica, visto que estava inicialmente prevista a sua venda pela Somague a custos controlados.
Seja como for, Pinto revelou estar «muito satisfeito» com a política de habitação social levada a cabo pela autarquia, permitindo que «até 2004» a Câmara tenha alojado «600 famílias». «Não há memória de, num período tão curto, se ter levado a cabo um programa de habitação social como este», sublinhou. Ideia também defendida pelo presidente do Instituto Nacional de Habitação (INH), José Teixeira Monteiro. «Tirando as áreas limítrofes de Lisboa e Porto, a Covilhã é dos municípios que mais tem realizado habitação social», confirmou. A Câmara tem previsto entregar até Dezembro mais 12 casas sociais no Bairro da Biquinha e concluir, na mesma zona e no próximo ano, mais 52 fogos. Brevemente, pretende ainda entregar 24 fogos no Paúl, prometidos há quase dois anos.
Liliana Correia