A Guard’Ar – Associação para a Promoção do Ambiente e Saúde do Concelho da Guarda defende uma estratégia de reflorestação que não ponha em causa a qualidade do ar da região. Preconiza por isso um planeamento cuidado para evitar danos nas propriedades do ar, sobretudo depois de um Verão farto de incêndios.
Crespo de Carvalho, um dos membros fundadores da Guard’Ar, entende que «é fundamental» que haja agora uma estratégia definida, se planeie de forma sustentada e em termos de futuro a reflorestação. «É essencial também que se tenha em linha de conta as características que a Guarda hoje demonstra para a aptidão do bioclimatismo», lembra o também vereador da Câmara, salientando que a Guard’Ar é uma associação «responsável» que não quer pôr em causa a certificação, «quase inevitável», do ar da cidade. O objectivo é garantir o desenvolvimento de algumas actividades na área do bioclimatismo na “cidade mais alta”, daí ser «fundamental» que a florestação se faça com espécies autóctones, mas ao mesmo tempo compatíveis com o objectivo de continuar a considerar puro o ar da Guarda. Numa altura em que se planeia a reflorestação da área ardida, a Guard’Ar disponibilizou-se a colaborar com a autarquia e o Ministério da Agricultura, não só para concertar uma estratégia específica, como também de prevenção de fogos.
Crespo de Carvalho explica que todos os fenómenos de polinização podem adulterar de forma significativa a qualidade do ar e, por isso, a Guard’Ar prontificou-se a ajudar a DRABI, a secretaria de Estado das Florestas e a própria Câmara a «pensar de forma mais séria e sustentada» a reflorestação. Por outro lado, o empresário entende que «é indispensável» que a própria Câmara comece a ter atitudes «mais coerentes com aquilo que tem afirmado». É que existe um valor «muito irrisório» no quadro do orçamento camarário para apoiar as duas associações de produtores florestais da Guarda. Pelo que, Crespo de Carvalho já propôs um reforço significativo das verbas para evitar catástrofes no futuro e a celebração de contratos-programa com estas entidades para que não voltem a ocorrer acontecimentos como os deste ano, «independentemente das condições climatéricas serem mais ou menos favoráveis». A Câmara Municipal teme, no entanto, que a estratégia de reflorestação defendida pelo Ministério da Agricultura não corresponda às reais necessidades da região. Álvaro Guerreiro está preocupado com o facto de se estar a fazer a desmatação do queimado deixando todos os desperdícios no local. «Isso é gravíssimo», considera o vice-presidente da autarquia, pois criará mantas mortas que para o ano vão aumentar a matéria combustível depositada nos solos, proporcionando riscos graves de velocidade de propagação de incêndios e cargas térmicas mais elevadas. «Esse tipo de actuação é um mau prenúncio para quem quer implementar medidas sérias de reflorestação e de ordenamento do território», garante Guerreiro. Nesse sentido, foi pedido ao secretário de Estado das Florestas que acelere o processo de reflorestação, mas de forma eficaz, porque «é grave o que está acontecer e não podemos esperar que chegue a Primavera para perceber como reage uma floresta», avisa.
Rita Lopes