Na semana passada vieram a público notícias de que nos últimos cinco anos a dívida da Região Autónoma da Madeira duplicou. Confesso que é algo que não me surpreende e se alguma surpresa existe é em “só” ter duplicado.
O Presidente do Governo Regional apressou-se a identificar o culpado e o salvador da situação. O culpado, claro está, é o anterior Governo e o Engº Sócrates, o salvador é o actual Governo e o Dr. Passos Coelho. Da culpa e da solução fica excluído o Governo Regional, o seu Presidente e as “coscas” à moda siciliana que ele alimenta e que lhe conferem o poder que lhe tem permitido governar a seu belo prazer.
Comecemos pelos culpados. O Governo Regional da Madeira duplicou a dívida porque o Governo da República lhe cortou o financiamento com a Lei das Finanças Regionais. Assim sendo, a solução, foi aumentar a dívida para fazer face a esses cortes. Com argumentação desta, ficaram todos os Presidentes de Câmara do País, com margem de manobra política para justificar o aumento dos passivos municipais. Isto é, quando algum deputado municipal de qualquer município português (independentemente de quem é poder e quem é oposição) perguntar ao respectivo Executivo “porque aumentou o passivo deste Município?”, poderá o respectivo Presidente, segundo a Teoria “Jardinista” da Política Moderna, simplesmente responder “A culpa não é nossa, é dos sucessivos Governos que têm alterado a Lei de Financiamento das Autarquias”. Suspeito mesmo que o mesmo argumentário poderá ser usado pelos Presidentes de Junta de Freguesia.
Mas se existem culpados, também existem salvadores. Segundo o Presidente do Governo Regional, o salvador será o actual Governo. Como? Fácil, abrindo os cordões à bolsa e pagando o regabofe que por lá se paga.
Outro facto curioso de mais um discurso efusivo, proferido como é hábito no final de mais uma festa bem regada, é que desta vez a dita personagem não falou mal do Continente, não falou em “Cubanos”, esqueceu-se da “República das Bananas”, não falou do “Sr. Silva”, o “Lóbi Gay” não foi referido entre outros “mimos” com que o resto do País é normalmente acariciado. Isto é, desta vez a personagem, e porque é do dinheiro de todos nós que precisa, esqueceu-se de nos ofender.
Deixando o tom irónico com que tenho escrito esta crónica, permitam-me que citando o Presidente da Distrital da Guarda do PSD (embora desta vez eu desconfie que ninguém o ouvirá dizer uma palavrinha que seja) e, desta vez sim, se grite bem alto “Dr. Passos Coelho, não pague… não pague… não pague…”.
Tem sido por vezes esquecido que no Governo do Engº Guterres, a dívida da Madeira foi perdoada, isto é, foi integralmente assumida pelo Governo da República, colocando as contas Regionais a Zero. Algum Município recebeu uma benesse deste género? Que justificação existirá para não assumir a dívidas de TODOS os Municípios por parte do Governo se as dívidas da Madeira forem pagas com o acordo que o sr. Jardim diz querer alcançar com o Primeiro Ministro?
Confesso-me cansado de ver aquela figurinha constantemente nos meios de comunicação social a destratar constantemente os Portugueses não Madeirenses, a desprezar as Instituições da República em constante desafio, a fomentar um estado paralelo de onde ele e os seus “homens de honra” e as respectivas “coscas” se alimentam.
Numa altura em que a todos os Portugueses são pedidos sacrifícios, a única solução possível é serem os Madeirenses a pagar a sua própria dívida, isto é, os impostos cobrados no Arquipélago serem os únicos recursos financeiros disponíveis para saldar o buraco financeiro que o seu Governo Regional criou.
Termino, compartilhando uma dúvida que me assolou o espírito, será que entre os tais fornecedores, referidos pelo Sr. Jardim, se encontra o “Jornal da Madeira”? Para os mais desatentos, este é o jornal para o qual todos nós pagamos com o dinheiro dos nossos impostos um chorudo subsídio para o Sr. Jardim possa publicar os seus artigos de opinião.
Por: Nuno Almeida