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Euro 2004

Mais uma desilusão. Depois do vexame do jogo com a Espanha e da pálida recuperação do ego com a Noruega agora foi a vez da modesta Albânia ressuscitar velhos fantasmas do passado. Quando se previa um reencontro pleno com o público português, surge a desilusão, de uma vitória que apesar de expressiva foi bastante sofrida (agradeçam-se os monumentais frangos do guarda-redes albanês). Numa primeira análise à exibição da equipa tenho de confessar que não percebo qual é o pensamento de Scolari. Afinal quais são os centrais de primeira escolha do treinador? Couto e Ricardo Carvalho? Couto e Meira? Jorge Andrade e Ricardo Carvalho? E nas laterais? Paulo Ferreira ou Miguel? E Cristiano Ronaldo? E Sérgio Conceição? E do lado esquerdo? Rui Jorge ou Nuno Valente? E Simão não tem lugar? Isto para não falarmos do miolo. Joga Rui Costa e Deco ou um só? E o Hugo Viana é para jogar? O Figo joga no centro ou na direita? E quanto a Guarda-redes? O Baía está definitivamente de lado? São demasiadas perguntas sem respostas quando já faltam menos de 8 meses e alguns, poucos, jogos de preparação. O problema é que não se vislumbra uma espinha dorsal na Selecção. Scolari até pode dizer que necessita de observar jogadores, de testar duplas, de experimentar esta e aquela solução. Mas o tempo voa e por este andar da carruagem o Euro 2004 passa e nós ainda andamos nas experiências. Mas tente-se ir um pouco mais fundo na análise. Qual é o modelo de jogo da Selecção Nacional? Alguém sabe? Será jogar ao ataque, privilegiando os golos marcados sobre os sofridos? Será apostar no valor de alguns jogadores para desequilibrar e eventualmente resolver em jogada individual? Será ao invés, uma equipa dotada de um grande rigor táctico que faz do colectivo e da sua filosofia de jogo a grande marca do seu futebol (o que parece inverosímil)? Será uma equipa de defesa segura, à qual vai ser muito difícil marcar golos (também inverosímil)? O verdadeiro problema é que ninguém sabe. É um pouco como a história do ovo. Só depois de aberto se saberá o que está lá dentro. Esta indefinição, de saber como vai Portugal vai jogar, começa a ser insuportável. E enquanto não se responder a este tipo de questões é difícil saber se este ou aquele jogador tem ou não lugar na equipa. Sobre este assunto é clássico perfilharem-se duas opiniões sobre a maneira de fazer. Há os que defendem que só após a definição de um modelo de jogo se devem seleccionar os jogadores para interpretar esse mesmo modelo. E há os que defendem que face a determinados jogadores existentes, de reconhecida valia (no caso da Selecção Portuguesa), é que deve então criar-se o modelo que melhor se adapte a eles. Seja qual for a metodologia de trabalho adoptada por Scolari convém é que as decisões sejam rápidas. Senão corremos o risco de começar o campeonato e ninguém saber qual vai ser a equipa de Portugal, a não ser claro, na cabeça do Sr. Scolari.

Por: Fernando Badana

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