Os aficionados têm uma agenda preenchida este mês no concelho do Sabugal, palco habitual das famosas capeias “arraianas”. A tradição manda que tudo comece na Lageosa da Raia, cujo encerro e capeia decorrem no sábado. É o pontapé de saída para esta temporada, que tem agendadas 14 lides de touros com forcão, duas garraiadas e uma tourada à portuguesa até dia 25.
Este ano, há mais uma aliciante, a de reforçar os argumentos da candidatura apresentada pelo município ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, uma vez que esta prática é única e exclusiva das gentes raianas. Certo é que a capeia já é Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal, numa decisão da Assembleia Municipal com o objetivo de «proteger legalmente um bem cultural imaterial de inegável e inquestionável valor patrimonial». A deliberação de setembro do ano passado pretende ainda dar «mais legitimidade» ao pedido de inventariação da capeia como Património Cultural Imaterial da Humanidade junto da UNESCO. O processo, coordenado pelo antropólogo Norberto de Oliveira Manso, já foi apresentado ao Instituto dos Museus e da Conservação, ao qual compete promover a candidatura final.
A capeia é o ponto alto das festas locais e realiza-se sempre após as festividades religiosas de cada aldeia. Consiste num encerro matinal dos touros pelas ruas e, à tarde, na sua lide com forcão nas praças improvisadas. A origem deste ritual perde-se na memória dos tempos, mas não desaparecerá tão cedo graças ao envolvimento das comunidades em cumprir esta tradição com brio e empenho. Até dia 25, não vão faltar oportunidades para assistir a este espetáculo único. Depois da Lageosa, ainda no sábado, há uma capeia noturna em Ruivós. Seguem-se o Soito (dia 9), Rebolosa (dia10), Nave (dia 14), Aldeia do Bispo e Aldeia da Ponte (ambas no dia 15) e Ozendo e Alfaiates (dia 17). Vale das Éguas é palco de uma capeia noturna no dia 18 e a 20 de agosto acontece o festival “Ó Forcão Rapazes”, com a participação de equipas de cada aldeia. O evento realiza-se este ano na praça de touros de Aldeia da Ponte.
Forcalhos (dia 22), Fóios (dia 23) e Aldeia Velha (dia 25) fecham este ciclo taurino, que inclui ainda duas garraiadas no Soito (dia 8) e Seixo do Côa (dia 15). Como habitualmente, os touros do ganadeiro Zé Noi estão presentes na maioria dos eventos, sendo ainda da sua responsabilidade o festival “Ó Forcão Rapazes”. Há ainda a tradicional tourada da associação “Amigos de Aldeia da Ponte”, que decorre no dia 14. O cartel deste ano conta com os cavaleiros Brito Paes e Sónia Matias, bem como o matador venezuelano Erick Cortez. Os seis touros de Pinto Barreiros (Montemor-o-Novo) serão ainda pegados pelos forcados do Aposento da Moita. Os lucros desta corrida revertem a favor do «bem social e cultural do povo de Aldeia da Ponte», adianta a organização. Já este domingo, em Nave de Haver (Almeida), há outra corrida mista com os jovens cavaleiros João Telles e Marcos Bastinhas e o matador António João Ferreia, que vão lidar touros do Eng. Luís Rocha. Os forcados vêm de Elvas e Monsaraz.