A ministra da Cultura considera que o concurso de instrumento de arcos Júlio Cardona, que decorre na Covilhã de dois em dois anos, se constitui já como uma referência no panorama musical nacional. Gabriela Canavilhas presidiu, na passada quinta-feira, à cerimónia de encerramento da oitava edição do concurso e destacou a importância da iniciativa na formação dos jovens nas áreas de violino e violoncelo.
«Este concurso há 16 anos que premeia o mérito, e fá-lo vencendo as barreiras da interioridade, as dificuldades decorrentes das distâncias e de um projeto que nasce fora dos centros, e há 16 anos que tem vindo a sair vencedor. O concurso em si já é um vencedor», afirmou a ministra. De resto, Gabriela Canavilhas lembrou que «não havia muita tradição em concursos na área das cordas e esta iniciativa foi pioneira em todo o país, apareceu numa região com uma forte preponderância cultural e ao longo dos 16 anos de existência podemos afirmar que é já uma referência no panorama cultural do país». A edição deste ano contou com 67 participantes, oriundos de 28 países diferentes, espalhados um pouco por todo o globo. Na categoria de violino o grande vencedor foi o ucraniano Andriy Murza, que recebeu o prémio “Júlio Cardona”. Este ano o primeiro prémio na categoria de violoncelo não foi atribuído. Manuel Campos Costa, responsável da comissão organizadora do concurso, explica que naquela categoria «a qualidade foi um pouco menor, não tendo sido atribuído um primeiro lugar, porque as pessoas têm que se convencer que têm que vir bem preparadas, já que o concurso tem o seu historial e é preciso defendê-lo», diz. Nas categorias de “Melhor covilhanense”, os vencedores foram Joana Dias e Valter Freitas, em violino e violoncelo, respetivamente.
O concurso, uma organização da delegação da Covilhã da Juventude Musical Portuguesa, decorreu entre segunda e quinta-feira da semana passada, e as provas tiveram lugar no Grande Auditório da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e no Auditório da EPABI. Na cerimónia de encerramento, Gabriela Canavilhas aproveitou ainda para elogiar o trabalho que se tem desenvolvido na cidade ao nível do ensino da música, nomeadamente na Escola Profissional de Artes da Covilhã, que «cada vez mais tem trazido ao panorama musical alunos de excelência e de grande qualidade», defendeu. «Na Orquestra Metropolitana de Lisboa já sabíamos que quem vinha da Covilhã tinha qualquer coisa que o diferenciava, tinha qualidade acrescida», sublinhou a governante. Também Manuel Campos Costa mereceu rasgados elogios por parte de Gabriela Canavilhas: «É uma personalidade que eu admiro há muitos anos à distância, que prova que com qualquer idade se pode dar o exemplo e demonstrar capacidade de concretização, e todos nós vemos em si um exemplo». De resto, o principal mentor do concurso estava satisfeito com a edição de 2011. «O concurso tem vindo a crescer e este ano tivemos aqui concorrentes que mostraram que o concurso também está a ser notado lá fora», enalteceu.
A oitava edição do concurso de instrumentos de arco Júlio Cardona contou, este ano, com concorrentes de 28 países. Portugal foi o mais representado (com 15), Alemanha com sete, Espanha e França com seis, Canadá, Rússia e Suíça com três, Coreia do Sul, EUA e Letónia com dois, e os restantes países, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Dinamarca, Hungria, Inglaterra, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Polónia, Republica Checa, Taiwan, Ucrânia e Venezuela com um concorrente. O júri foi composto pelo professor Emanuel Frazão Pereira (Portugal – presidente), pelo maestro Luís Izquierdo (Espanha), Alexandra Mendes e Luís Sá Pessoa (Portugal) e Jed Barahal (EUA). Com um orçamento de 42 mil euros, o concurso Júlio Cardona dispôs do alto patrocínio do Presidente da República e contou com o apoio da Universidade da Beira Interior.
Rafael Mangana 
