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“Pela boca morre o peixe”

Por uma vez sem exemplo vou responder ao texto do meu caríssimo colega Manuel Mariano intitulado “o Direito à Indignação… e à Resposta”, publicado na última edição de O INTERIOR.

E vou fazê-lo no mesmo registo em que ele o fez. Claro que podia, muito simplesmente, argumentar com ele no espaço físico onde diariamente nos cruzamos. Mas, se ele o não fez, porque o faria eu?

Isto da língua portuguesa é mesmo o cabo dos trabalhos!… E, depois, “pela boca morre o peixe”… Vejamos:

Contrariamente ao que afirma MM, não me sirvo de um espaço de escrita para comentar a suspensão da avaliação de professores. Fui convidado a escrever uma crónica e, ao longo do tempo, tenho opinado sobre diversas matérias e também sobre assuntos ligados à Educação. Estou, aliás, convencido, que se o senhor diretor deste semanário se apercebesse de que eu me servia do meu espaço, seria o primeiro a dizer-mo.

Depois, é sempre útil saber ler e interpretar…

Parece não perceber MM que quando se escreve não haver assunto se acrescenta que “Assuntos há-os aos montes por aí…”. Leitura enviesada por certo…

Parece também estar pouco informado, o que estranho. Pois, se leu este meu último escrito, não terá também lido o anterior? Chama-se “O Caos dos Cacos”, foi publicado neste jornal no dia 24 do passado mês de Fevereiro, e nele está expresso o que penso sobre o sistema de avaliação dos docentes que se pretendia impor.

Aquilo que neste último texto escrevi, e mantenho, é sobre a oportunidade desta suspensão da avaliação e sobre os engulhos que isso me causa… Em boa verdade deveria escrever mesmo “oportunismo”. Oportunismo sim. Oportunismo eleitoral pura e simplesmente. Oportunismo que tem como data limite o 5 de junho que se avizinha. Não fosse oportunismo e teria o PSD votado contra quando teve oportunidade para isso no hemiciclo…E é isto que MM parece não perceber: a diferença entre opinião sobre o sistema de avaliação e opinião sobre o timing da suspensão da dita…

Eu, que assumo a minha condição de militante do PS, não me coíbo de expressar o que me vai na alma. Outros não poderão dizer o mesmo… É que eu tenho memória e lembro-me dos tempos cruéis de Manuela Ferreira Leite na pasta da Educação e dos silêncios de muitos… Ruidosos silêncios…

Não me aflige expressar o meu desencanto, tal como não me aflige assumir o meu apoio a determinado projeto quando acredito. Por isso, não foram 120 mil que estiveram em Lisboa a manifestar-se, caro MM. Foram 121 mil. Eu também lá estive!…

Quanto ao não aceitar a suspensão, estamos conversados… Mais um erro interpretativo como será bom de ver para quem quiser analisar as duas últimas crónicas. Mas isso, mais uma vez, será do cabo dos trabalhos que às vezes parece ser a nossa língua…

E, no fim, voltemos ao início de MM: obviamente admito, num país livre, o direito à resposta e à indignação. Mas, caro MM, se uma e outra partem de pressupostos analisados enviesadamente, farão sentido?

Por: Norberto Gonçalves

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