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Comerciantes exigem câmaras de vigilância e mais policiamento na Guarda

Criminalidade aumentou 1,6 por cento no distrito em 2010 relativamente ao ano anterior. O último assalto aconteceu na semana passada no centro histórico

Mais policiamento e câmaras de videovigilância na zona histórica serão as soluções preconizadas por quem tem sentido na pele aquilo que os números retratam. Em 2010, a criminalidade aumentou 1,6 por cento no distrito da Guarda em relação ao ano anterior, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (ASI). Uma ótica localizada no centro histórico da Guarda foi o último alvo dos ladrões, na madrugada de segunda-feira.

«Da outra vez foi pior, porque não tínhamos alarme e levaram praticamente o que quiseram. Desta vez levaram o que tinham à mão o mais rápido que puderam», refere Ana Castro. Nos dois últimos anos, dois assaltos, este é o saldo da “Ótica Araújo”, localizada na Rua do Comércio, onde foram furtados cerca de 500 pares de óculos na madrugada de segunda-feira. A funcionária conta que os autores eram «quatro rapazes novos», que foram identificados pelas câmaras de segurança da loja. Não levaram mais porque o alarme – colocado desde o último assalto – soou e afastou os assaltantes. A medida teve de ser tomada porque «a zona histórica da Guarda torna-se um perigo à noite e não é preciso ser meia-noite ou uma da manhã, pois é frequentada por pessoas por vezes alcoolizadas, toxicodependentes, o que não transmite segurança», revela Ana Castro. «Depois, é uma zona que está abandonada de noite, porque só se circula a pé», lamenta.

Na sua opinião, a solução passaria por haver câmaras de vigilância, «sempre ligadas à polícia», e mais patrulhamento. «Notamos que há poucos efetivos. A Guarda precisa e nota-se que, por vezes eles [polícia], também não têm como atuar mais, mas a insegurança sente-se», assegura. De resto, o documento, divulgado há duas semanas pelo ministro da Administração Interna, revela que em 2010 foram participados aos órgãos de polícia criminal (GNR, PSP e PJ) 4.061 crimes no distrito da Guarda, mais 65 que no ano anterior (3.996 participações). [ver edição da semana passada]. Também na Rua do Comércio, a loja de pronto-a-vestir “Rouparigas” foi alvo dos ladrões no início de Fevereiro. O proprietário refere que, «apesar do nível de violência na Guarda não ser elevado, há uma manifesta falta de policiamento». Tal como Ana Castro, Rui Quinaz constata que «o centro histórico tem muito pouca gente, as ruas estão sistematicamente vazias, não passam carros e é uma zona altamente atrativa, que exigiria um maior policiamento».

Mais assaltos ainda este ano

«Suspeita-se que vários dos assaltos sejam feitos pela mesma rede e é facílimo assaltar, ninguém os incomoda, “trabalham” à vontade e repetem a “dose”», lamenta, dizendo não duvidar que «ainda este ano haverá mais assaltos». A videovigilância é, uma vez mais, a solução preconizada. «É vergonhoso não existir videovigilância, que é premente na zona histórica», considera Rui Quinaz, que aproveita para atribuir responsabilidades à autarquia guardense: «Segundo a Câmara, não há mobiliário urbano por causa do vandalismo, mas também não se colocam câmaras de vigilância para se controlar o vandalismo», critica. A Rua Mouzinho de Albuquerque também tem sido palco de alguns incidentes do género. A “Foto Leitão”, uma loja de equipamento fotográfico, já foi assaltada diversas vezes, mas o seu proprietário considera que «a criminalidade na Guarda reflete o que se passa em todo o país, parece que não somos diferenciados. Nunca aconteceu nada de especial nesta zona, e ultimamente têm-se verificado muitos casos». Mais uma vez, a «prevenção noturna por parte da polícia» é a solução encontrada por António Leitão. «Naquilo que me disse respeito, as forças de segurança da Guarda mostraram interesse e acompanharam bem a situação, o problema é que deviam estar mais presentes», considera.

Há poucos meses, junto à esquadra da PSP da Guarda, teve lugar outro furto, na conhecida perfumaria “Abelhinha”. «Nunca tinha acontecido, até porque a perfumaria fica a cerca de 40 metros da polícia. É impossível não haver uma autoridade capaz de por cobro a isto», contesta o proprietário da loja. «Desta vez foi assaltada mais uma ótica, os casos têm-se sucedido e isto não pode acontecer, a não ser que haja agentes da autoridade nas ruas, como se fazia antigamente. A polícia via-se a pé e não de carro», recorda Ferreira da Silva. «Eu tenho 71 anos e nunca vi uma situação destas», sublinha.

Apesar de ter em conta «qualquer tipo de crime que ocorra», o comandante da PSP da Guarda defende que «a segurança é sempre uma preocupação de todos, mas não pode ser só da polícia e tudo tem que começar em cada um de nós». Salvado Lopes lembra que, «hoje em dia, as pessoas têm que ter mais cuidado», mas rejeita alarmismos. «Tendo em conta os baixos níveis de criminalidade que a Guarda regista, não há razões para vivermos um sentimento de insegurança», assegura. Quanto aos crimes já perpetrados, o comandante esclarece que «tudo a polícia irá fazer e está a trabalhar no sentido de rapidamente identificar os autores e tentarmos concluir este inquérito o mais rapidamente possível, tendo em vista o apuramento das identidades dos responsáveis». Garante, para já, que se trata de «situações completamente distintas». Quanto às queixas por parte dos comerciantes, lembra que «o centro histórico é capaz de ser das zonas da cidade da Guarda onde há mais visibilidade policial. Agora, é evidente que tudo isto também tem que ser feito com o trabalho dos próprios proprietários, que também têm que usar medidas de segurança».

Rafael Mangana A “Ótica Araújo” foi a última visada pelos “amigos do alheio”

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