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Editorial

A situação de Portugal é dramática, estamos no abismo, e não sabemos como sair dele. Com a chegada da troika do FMI e da Europa sabemos que necessitamos de, pelo menos, 80 mil milhões de euros e de muitos cortes na despesa para sairmos do buraco em que estamos atolados. Dinheiro que nos poderá tirar de maiores aflições, mas que terá de ser pago nos próximos anos. Portugal vai ser o único país do mundo em recessão em 2012, depois de ser juntamente com a Grécia e a Costa do Marfim (oh meu Deus!) o grupo de três países com recessão em 2011 no mundo. Depois de anos de crescimento débil, de uma recessão, e de muito desperdício e despesismo excessivo, Portugal vive uma das maiores crises da sua história. Sabemos que esta semana chegaram o FMI, o BCE e a Comissão Europeia (para analisar as necessidades e preparar o “cheque” que chegará nos próximos dias), mas não sabemos até quando seremos um protetorado do FMI e da EU. Sabemos que o buraco é imenso, mas não sabemos quando sairemos dele e com que custos – para lá do aumento de impostos e a diminuição dos rendimentos dos trabalhadores, das famílias e também das empresas. Porque, por cada funcionário que irá ganhar menos ou ter menos dinheiro disponível, o comércio, as empresas, os serviços irão ter menos vendas, menos rendimentos, menos disponibilidade para investir, menos dinheiro para pagar salários…

A situação na região é deprimente. Para lá de todas as dificuldades do país – e muito para além dos problemas financeiros com que o Estado se debate – o Interior convive com obstáculos diversos e mesmo intransponíveis: a pobreza, a desertificação das aldeias ou a idade elevada das pessoas. Claro que há outros problemas, de diversa índole, da falta de investimento ao desemprego, da debilidade do tecido económico e empresarial à falta de oportunidades, mas como é que se pode alterar o paradigma desta região se as aldeias estão abandonadas, se os jovens partiram, se quem fica é idoso, se as escolas outrora cheias estão vazias e encerram, se o mercado é cada vez mais pequeno e pobre… É esta a realidade com que as empresas da região trabalham; é neste contexto que as empresas da região têm de sobreviver; é com os custos da interioridade que o comércio e a indústria da região vão perecendo e resistindo e agora terão de suportar mais um custo, o das portagens nas Scut’s – para já suspensas, mas não tenhamos ilusões… em breve vão começar a ser cobradas.

Luís Baptista-Martins, diretor do Jornal O Interior

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