A CERCIG deu mais um passo para a concretização de um sonho antigo. Na sexta-feira foi lançada a primeira pedra da unidade residencial que irá acolher 29 pessoas portadoras de deficiência. «Esta é a materialização de uma obra que vai mudar a realidade das famílias dos utentes», frisou a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Serrão.
A construção do lar residencial e da residência autónoma representa um investimento de um milhão de euros e poderá estar concluída antes da data estipulada, adiantou o presidente da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados da Guarda. «O prazo de conclusão da obra é de dois anos, mas já falámos com o empreiteiro e poderá ser possível conclui-la em 18 meses», assegurou José Martins Igreja. Financiada em 65 por cento pelo Estado, para ver a luz do dia a unidade residencial precisa ainda do contributo da própria CERCIG e que, de acordo com o seu presidente, já está assegurado. «Temos condições para avançar com a obra imediatamente», já que a direção tem reunido verbas desde 2004, altura em que se começou a “sonhar” com este projeto.
Esta nova valência vai surgir junto à sede da instituição, nas proximidades do parque municipal, e contempla duas vertentes: o lar residencial, onde os utentes podem ficar em regime de internato, e uma residência autónoma, que segue as mesmas linhas mas permite aos clientes maior independência. «Vão poder passar lá o dia, cozinhar, ter, no fundo, uma vida normal, como se estivessem em casa», explicou ainda José Martins Igreja. Segundo o dirigente, será um espaço «de refúgio, carinho e atenção, um abrigo dos maus tempos e dos maus sonhos». Idália Serrão também se mostrou satisfeita por ver este sonho tornar-se realidade. No seu discurso, a secretária de Estado deu destaque ao impacto que a residência terá na família de cada utente. «O drama dos pais vai-se prolongando no tempo», lamentou, defendendo que «este tipo de resposta surge para cobrir a retaguarda dos familiares» e permitir aos utentes «maior conforto».
Apesar da festa, a governante não escondeu alguma preocupação com a progressiva privatização de sectores públicos nesta área. «Qual é a noção de Estado social que nós temos?», questionou, respondendo de seguida que os cidadãos pretendem, na maioria das vezes, que «o Estado esteja disponível para as pessoas que necessitam». «Eu sei quanto pagam as famílias por uma resposta privada para um pessoa com deficiência. Não é menos de 2.500 euros», alertou, defendendo a continuação do apoio da Segurança Social neste tipo de casos. Na opinião do presidente da Câmara, Joaquim Valente, o lar residencial e a residência autónoma constituem «uma obra de um alcance social tremendo», já que se está a dar «oportunidade a pessoas diferentes de se desenvolverem e viverem sem ser sempre necessária a ajuda dos seus familiares». Os 29 utentes ainda não estão selecionados, mas «as inscrições já estão a decorrer», adiantou o presidente da CERCIG.
Catarina Pinto