A primeira fase da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda deverá ser candidatada a programas de financiamento durante o mês de Outubro. O Plano de Negócios da sociedade foi aprovado na semana passada e assenta nesta fase inicial em 32 hectares com construção, divididos por 74 lotes, e um investimento previsto de mais de 8,6 milhões de euros, suportados em 65 por cento nos programas regionais de Economia. O projecto a instalar na Quinta dos Coviais, próximo da localidade da Gata, a poucos quilómetros da Guarda, deverá ainda ter “luz verde” da secretaria de Estado do Ordenamento do Território no que toca à desafectação da área necessária da Reserva Ecológica Nacional. Um linha estratégica, aprovada por unanimidade, que vai nortear os primeiros passos da PLIE fora dos gabinetes.
«O primeiro despacho da Direcção Regional de Ambiente e Ordenamento do Territorial (DRAOT) do Centro foi negativo, mas temos a indicação que o segundo já é favorável tendo em conta o interesse estratégico do projecto», explica Álvaro Guerreiro, presidente da comissão executiva da PLIE. Até lá, o Plano de Pormenor está a ser ultimado, cabendo ao arquitecto Bruno Soares avançar com um estudo do loteamento dos primeiros 32 hectares da plataforma, nove dos quais irão destinar-se prioritariamente à implantação de projectos âncora na área logística. Já a sede da sociedade deverá ficar instalada num edifício com pavilhão multiusos. Entretanto, com a aprovação final do Plano de Negócios, que só deverá acontecer com a conclusão do Plano de Pormenor e do estudo de Bruno Soares, estão também reunidas as condições para o aumento do capital social para perto de 1,5 milhões de euros e as formas de o fazer. O que no caso da Câmara da Guarda vai envolver o terreno da Quinta dos Coviais, cujo valor ronda os 536 mil euros e para o qual já encomendou o estudo de impacte ambiental. No resto, tudo indica que a estrutura accionista deverá ser reformulada, nomeadamente com a entrada de uma entidade financeira e com “know-how” neste sector, para além do interesse já manifestado do Conselho Empresarial do Centro (CEC) e da Associação Portuguesa para o Investimento (API) em aderir ao projecto guardense.
Nesta fase falta apenas acertar o preço dos lotes, sendo que o montante mínimo deverá rondar os 50 euros por metro quadrado, embora a lógica do projecto contemple um custo menor nos casos da área necessária ser maior. Até Outubro, a PLIE, que assenta nas vertentes de tecnopólo, logística e Área de Localização Empresarial (ALE), deverá ver confirmada ou não esta última. Quanto à criação de postos de trabalho, a sociedade ainda não tem dados concretos por este item ser «muito aleatório» neste tipo de empreendimento, explica Álvaro Guerreiro. O que faltará à PLIE, segundo o presidente da comissão executiva, são apoios políticos: «O PSD tem levantado todo o tipo de questões para não deixar avançar o processo. O que está em causa é não deixarem andar o projecto para ter outros protagonistas daqui a uns tempos. No entanto, só espero que não aconteça o que sucedeu com a escola profissional da Guarda», indica, garantindo que se a PLIE tivesse outros accionistas [Crespo de Carvalho, nomeadamente], «então o projecto já era muito bem conduzido». Uma visão contrariada por Ana Manso, para quem estas acusações são «ridículas» garantindo que o PSD «sempre» defendeu o projecto. «Estivemos sempre com a PLIE de corpo e alma, mas temos uma atitude pedagógica e pedimos à Câmara que deixe fazer as coisas a quem sabe: os empresários».