No contexto da economia globalizada que vivemos a competitividade é um fator preponderante para o sucesso pessoal e profissional.
Agravados pela atual crise económica, os mercados de trabalho requerem hoje uma grande capacidade de adaptação a novas situações e uma imensa necessidade de inovação.
Se a preparação teórica é cada vez mais importante, tendo em conta os elevados graus de formação técnica e prática dos jovens trabalhadores provenientes de outros países, nomeadamente do leste da Europa, também a competitividade alcança, no atual contexto internacional, uma importância crucial e uma relevância nunca antes requerida.
A exigência crescente dos mercados, fruto do excesso de mão de obra e do real decréscimo da produtividade nacional, obrigam aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho a demonstrar competência e capacidade de trabalho, mas também um elevado grau de competitividade, pressionando-os para atingir níveis elevados de excelência em fases da vida profissional em que os jovens ainda deveriam estar em formação.
De certa forma, o atual momento que se vive na economia mundial é mais um fator para que os nossos jovens deixem de viver uma idade em que as preocupações de carreira e de sucesso deveriam ser compartidas com alguma diversão. Pelo contrário, assistimos a um fenómeno curioso e preocupante; ou encontramos jovens hiperconcentrados na sua carreira, com sucesso profissional desde muito cedo mas que no futuro vão sentir que deixaram de viver momentos que seriam próprios da idade ou jovens de quase 30 anos que jamais tentaram sair da casa dos pais, eternos estudantes com mestrados e doutoramentos ou prolongados estudantes com cadeiras por fazer, sem ânimo, sem vontade de crescer pessoal e profissionalmente, sem valia profissional ou social.
É portanto fundamental que os nossos educandos tenham sempre presente que é necessário ter bons resultados escolares, mas que é também fundamental desenvolverem um espírito de competitividade elevado.
Está do nosso lado a responsabilidade de incutir esta realidade.
No entanto, e porque ser competitivo não é viver num ambiente de competição sem regras, numa selva agressiva, violenta e sem leis, sem moral e sem bons costumes, como alguns (tantos, infelizmente!) parecem entender o conceito de competitividade, é responsabilidade dos pais orientar e moderar as atitudes.
A sociedade, por ser competitiva, não tem necessariamente de ser um deserto de princípios. Pelo contrário, cabe aos pais incutir princípios como a fidelidade, a seriedade no trabalho, a independência moral e intelectual, a tolerância e a honestidade.
Este papel está exclusivamente reservado aos pais e encarregados de edução e não deve, nem pode, ser responsabilidade das escolas.
Resta-nos ter esperança de que a educação que os pais devem dar e a formação que a escola deve garantir se conjuguem para que esta geração seja menos “à rasca” que a anterior.
Luís Salvador Fernandes
Assoc. Pais