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Maioria dos alunos está contra o acordo mas desconhece as suas normas

EXPRESSÃO APLICA ACORDO ORTOGRÁFICO

Num estudo realizado junto de 100 alunos (24 do 8º ano, 50 do 10º ano e 26 do 12º ano) chegamos à conclusão que a grande maioria desconhece as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990. Assim, num questionário que envolve 21 palavras, só 24% acerta a ortografia de 13 palavras ou mais, ficando-se a maior parte pelas 9 a 11 palavras certas. A maioria aliás reconhece só conhecer em parte as normas do acordo (50%), revelando 33% dos alunos que não conhecem quase nada desse acordo. A maior parte (71%) situa ainda a assinatura do acordo em 2010, quando o acordo está aprovado desde 1990. Em conclusão, 81% dos alunos referem que estão contra o acordo. A quase totalidade (96%) pede que até 2014 sejam toleradas as duas grafias.

A animosidade contra as soluções que se aproximam da variante brasileira é também uma marca deste estudo. 48% revela que o Acordo mostrou alguma submissão dos portugueses aos brasileiros e 55% defende mesmo que deviam ser os brasileiros a adotar a norma europeia. 42% reconhece no entanto que é bom que todos os falantes do português escrevam de maneira igual, só havendo 24% a defender a continuação das duas grafias. Quanto às vantagens, só 14% acredita que se deem menos erros a partir destas mudanças mas 40% refere que uma ortografia unificada pode projetar o português como uma língua mais forte.

Quanto à importância da ortografia a quase totalidade dos alunos a reconhece (97%), sendo que 71% a reconhece como muito importante. Interrogados sobre se os professores devem descontar pontos pelos erros ortográficos nos testes e trabalhos as opiniões dividem-se praticamente a meio (51% sim, 47% não). Defendem mesmo (60%) que os professores devem dar mais atenção a esta área, operacionalizando mais exercícios e observação dos erros dos alunos.

Sobre propostas para mudar a ortografia para além do Acordo, e diante da hipótese de eliminar os acentos, 68% são claramente conservadores, recusando esta medida; sobre a hipótese de acabar com os h, 75% não lhe veem interesse; quanto à hipótese de eliminação do hífen, também uma larga maioria (66%) não vê utilidade e interesse nesta medida. Finalmente, questionados sobre as razões da abundância de erros ortográficos, os alunos apontam sobretudo a falta de treino da escrita (81%) e de leitura (74%) como fatores principais. 60% dos alunos refere também o uso de computadores e telemóveis como prejudicial; cerca de um terço aponta ainda a complexidade da nossa ortografia e o habitual desleixo dos portugueses.

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