Quando observo as imagens de devastação que nos chegam do Japão surge-me logo na mente a Lei de Murphy: “Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal”. Por estes dias, o mundo assiste, pelos meios de comunicação social, ao sofrimento silencioso de um povo que foi atingido pela Natureza em três frentes: um sismo 8,9 na escala de Richter; um maremoto com ondas de 10 metros e um acidente nuclear numa das inúmeras centrais existentes no país.
Esta tragédia noutro país do nosso globo teria consequências durante várias décadas, mas para um povo como o japonês, este acontecimento irá ser rapidamente ultrapassado no que diz respeito às infraestruturas. Analisemos em seguida, cada um destes três devastadores acontecimentos.
Um sismo ocorre quando as rochas, sujeitas a grande tensão, subitamente se quebram, libertando a energia acumulada, que faz tremer o solo, enquanto as vibrações se difundem, tal qual a ondulação da água provocada pelo queda de uma pedra, a partir do epicentro. Este ponto, o epicentro, é o local onde a devastação é maior, uma vez que é o ponto à superfície terrestre situado mesmo por cima da zona onde ocorre o sismo. A avaliação dos estragos provocados por um sismo pode ser feita através de duas medidas: a Escala de Mercalli Modificada, de 12 pontos, ou a Escala de Richter. A Escala de Mercalli Modificada avalia a intensidade, que representa a medida do efeito local do abalo, e que varia segundo a distância de origem e a força intrínseca do mesmo. Por sua vez, a magnitude é a medida de força de sismo na sua origem (foco), o que significa que um sismo com a intensidade do sismo de Sendai é devastador. Em termos geológicos, uma placa é uma “grande laje” formada por rochas rígidas. O termo tectónica vem da raiz grega “construir”. Unindo estas duas palavras, passamos a ter “Tectónica de Placas”, que conduz à ideia de que a superfície terrestres é construída por placas. A Teoria da Tectónica de Placas diz-nos que a camada superficial da Terra – litosfera – está em conexão com as outras, enquanto assentam sobre a camada estrutural mais quente, menos rígida e mais móvel – astenosfera. A Tectónica de Placas é um conceito científico relativamente recente, introduzido há cerca de 40 anos, que permite compreender o planeta como uma entidade dinâmica. Desta forma, os abalos sísmicos podem ser causados pelos movimentos das placas, que por sua vez, resultam de correntes de convecção nos fluídos quentes da astenosfera. Estes movimentos ocorrem diariamente provocando milhares de abalos sísmicos de reduzida intensidade, muitos dos quais nem são sentido pelo ser humano.
Os sismos são sempre acontecimentos com grande impacto social, económico e político, basta recordar o grande sismo de Lisboa, contudo este impacto ganha uma dimensão ainda maior quando acoplado a este fenómeno vem um maremoto. No próximo texto iremos analisar os outros dois acontecimentos.
Por: António Costa