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«Continuo para o Núcleo da Guarda da Quercus não fechar a porta»

Cara a Cara – Entrevista: Ricardo Nabais

P – Este é o seu terceiro mandato à frente do Núcleo da Guarda. O que mudou desde então na defesa do meio ambiente do distrito?

R – Ponderei para não me recandidatar, mas não encontrei sucessor e não quis que o projeto caísse por terra. Continuei para o núcleo não fechar a porta. As pessoas só se lembram da Quercus quando precisam de resolver algum assunto ou fazer denúncias e não devia ser assim, todos juntos podemos fazer mais pelo ambiente do distrito e melhorar a qualidade de vida. Muita coisa mudou de há seis anos para cá, tal como a própria ação da Quercus. Outrora centrada na conservação da Natureza, com os projetos Centros de Recuperação de Animais Selvagens, “Criar Bosques”, “Conservar a Biodiversidade”, entre outros, atualmente a Quercus explora a sua atenção pela questão energética, com os projetos “Condomínio da Terra”, “Ecosasa”, “TopTen” e “Ecosaldo”.

P – Quais são as principais carências da Quercus da Guarda?

R – A falta de recursos humanos para responder às várias solicitações que recebemos e para a dinamização das atividades. Neste momento, dois dos quatro membros da direção estão fora do distrito, só esporadicamente vêm à Guarda. Eu próprio trabalho em Figueira de Castelo Rodrigo e só aos fins-de-semana é que tenho alguma disponibilidade. A outra colega também está envolvida num novo projeto pessoal, restando-lhe pouco tempo para o Núcleo. Foram vários os convites a pessoas que conhecemos para abraçar esta causa, mas dizem logo que não ou, pior, não chegam sequer a responder. As pessoas vão-se fazendo sócias, só que depois não aparecem no Núcleo para colaborar.

P – E como está em termos de associados e voluntários?

R – A situação é complicada, temos alguns sócios, mas a maioria não aparece nas atividades nem nas Assembleias de Núcleo organizadas anualmente. A nível do voluntariado a situação é diferente. No último ano inscrevemos o Núcleo como entidade acolhedora no Banco de Voluntariado da Guarda, onde já envolvemos alguns voluntários nas atividades. No entanto, nem sempre é fácil dado não termos grande disponibilidade para os acompanhar.

P – Qual é a posição da Quercus sobre o problema da poluição do rio Noéme?

R – Continuar a pressionar as entidades responsáveis visto que é um problema que já se vem a arrastar há muito tempo. O Núcleo já reuniu com o município da Guarda que, na altura, nos garantiu que iriam resolver o problema assim que estivessem disponíveis verbas para as obras. Certo é que já passaram quase três anos depois dessa reunião e continua tudo na mesma. Mesmo as entidades com poderes para atuar estão informadas e também nada têm feito.

P – Na sua opinião, que outros problemas ambientais continuam por resolver na Guarda?

R – Os incêndios florestais, que serão cada vez mais um problema ambiental, uma vez que há zonas que têm um ciclo de fogo muito curto – dois ou três anos depois e voltam a arder degradando o coberto vegetal e acelerando a desertificação dos solos. Trata-se de um situação difícil de travar e que irá demorar imenso tempo a resolver.

P – Que projetos tem para este mandato?

R – Abrir o núcleo à comunidade local e incentivar as pessoas a participar mais em prol do ambiente. Outro objetivo é sensibilizar os mais jovens a colaborar com o Núcleo da Quercus. Neste Ano Internacional das Florestas iremos desenvolver algumas caminhadas pelos vários concelhos do distrito para dar a conhecer as áreas de floresta de cada município e sensibilizar os participantes para a sua importância. Outro projeto que gostaríamos de lançar aqui, na Guarda, era a criação de debates, de um espaço para a discussão pública sobre os mais variados assuntos de Ambiente. A ideia era que sócios, não sócios, miúdos e graúdos pudessem expor a sua opinião sobre um tema diferente, a definir mensalmente, com a participação de oradores convidados.

Ricardo Nabais

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