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Quinta da Maúnça mais verde

“Vamos Pintar o Cinza de Verde” já permitiu a plantação de 145 mil árvores no concelho da Guarda

A terra que os incêndios teimam em escurecer ganhou nova cor na manhã da última sexta-feira, na Quinta da Maúnça. Na oitava edição da iniciativa “Vamos Pintar o Cinza de Verde”, formandos da CERCIG e voluntários do Montepio Geral uniram-se para plantar 1.000 pinheiros silvestres e reflorestar uma das áreas ardidas há dois anos.

Numa manhã em que até o sol ajudou a pintar o cinza de verde, os alunos da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados puseram em prática o que aprenderam no curso de Jardinagem. Paulo Ribeiro, um dos formandos, acabou por perder a conta ao número de árvores que plantou, mas não tem dúvidas de que foram muitas. Da experiência, guardou sobretudo a sensação de estar a contribuir para «um bem de todos nós e da natureza». «É bom plantarmos árvores, não só por nós, mas também para as outras pessoas desfrutarem», acrescentou. Passar da teoria à prática também agradou a Luís Pinto, para quem tratar e plantar uma árvore é sempre «um prazer». Já a formadora Rita Antunes destacou a importância das atividades exteriores: «É muito importante para os alunos, porque na Cercig temos pouco espaço ao ar livre e aqui eles aprenderam a plantar e puderam entender as explicações dadas em aula, nomeadamente sobre as proteções».

A azáfama da tarefa tomou conta de formandos e voluntários. De enxada em punho, a carregar pequenos pinheiros silvestres ou a colocar proteções em redor das árvores, os participantes teimaram em dar nova cor a um terreno que permanecia cinzento. Por enquanto, o verde destes pinheiros ainda não enche a paisagem, mas segundo a responsável pela Quinta da Maúnça, dentro de «três anos», já será possível ver as árvores com um tamanho mais considerável. Ludovina Margarido explicou que a escolha recaiu nesta espécie autóctone por ser «mais resistente, tanto no verão com o risco de incêndio, como no inverno com o peso da neve». O flagelo dos incêndios tem afetado o distrito quase todos os anos e a Quinta da Maúnça não é exceção. «Temos 74 hectares e cerca de quatro arderam nos últimos incêndios», lembrou.

A tentativa de dar uma nova vida às áreas ardidas já levou os responsáveis deste espaço pedagógico da Câmara da Guarda a plantarem castanheiros, azinheiras, áceres e pinheiros silvestres nos oito anos que já leva a iniciativa “Vamos Pintar o Cinza de Verde”. Até agora, foram plantadas 145 mil árvores no concelho da Guarda. Para Ludovina Margarido, «a autarquia [organizadora da iniciativa] tem de dar o exemplo em termos de sustentabilidade dos seus espaços verdes», além de que é necessário fazer chegar às pessoas uma outra mensagem: «A floresta é uma parte importante do nosso PIB [Produto Interno Bruto] e é também pelo sector primário que podemos avançar».

145 mil árvores em oito anos

As atividades no âmbito do programa “Vamos Pintar o Cinza de Verde” já possibilitaram plantar à volta de 145 mil árvores, no concelho da Guarda. Ao longo dos últimos oito anos, foram várias as entidades que se uniram à autarquia para apoiar a iniciativa através da doação de árvores, desde bancos como o Montepio e a Caixa Geral de Depósitos, até à revista “Visão” e à marca de automóveis Toyota, entre outros. O projeto surgiu da necessidade de recuperar as áreas ardidas do concelho após os incêndios do verão de 2003, altura em que arderam mais de 15 mil hectares. Para tal, a autarquia tem fornecido árvores às Juntas de Freguesia e a particulares. No ano passado, plantaram-se 2.500 árvores e, no total das edições, cerca de 145 mil. Desta vez, o Montepio Geral doou 2.000 pinheiros silvestres e 2.500 azinheiras.

Catarina Pinto Formandos da Cercig e voluntários do banco Montepio plantaram mil árvores na sexta-feira

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