O Tribunal da Relação confirmou anteontem a absolvição de José Gomes. O ex-diretor da Direção de Estradas de Coimbra já tinha sido ilibado pelo Tribunal daquela cidade dos 11 crimes de era acusado, entre os quais peculato, falsificação de documentos, participação económica em negócio, abuso de poder, prevaricação e violação de segredo por funcionário.
Segundo apurou O INTERIOR, os juízes desembargadores de Coimbra não deram provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público e pronunciaram-se pela «integral manutenção da decisão recorrida», proferida em Julho do ano passado. O antigo vereador na Câmara da Guarda e dirigente do PSD local, bem como outros dois arguidos que teria favorecido ilegalmente, tinham sido pronunciados pela alegada prática daqueles crimes no exercício de funções. Contudo, após a absolvição dos três suspeitos, o Procurador-Geral da República substituiu o procurador a quem o processo fora distribuído na fase de julgamento para que o recurso fosse elaborado pelo colega que dirigira o inquérito (Jorge Leitão). Na altura, o desempenho de José Augusto Rodrigues em sede de audiência foi criticado, sobretudo «o modo pouco exaustivo como confrontou o principal arguido com a matéria da acusação, em contraste com a postura muito contundente assumida na inquirição, pelo menos, de uma testemunha fundamental, que fora nomeada pelo titular do inquérito».
Na altura, José Gomes considerou que esta contestação só demonstrava que «a justiça está mais preocupada com os seus problemas internos do que propriamente com a verdade das coisas». Em declarações a O INTERIOR, o engenheiro logo recordou que a sentença «é aceite como correta pela generalidade das pessoas» e estranhou que o argumento para a substituição do magistrado do MP seja o «impacto social» do processo. Na sua opinião, «a única implicação social do caso é a vergonha, o descrédito, a má imagem do Ministério Público, que, depois de anos de investigação, de incomodarem muita gente, de gastarem muito dinheiro ao erário público e de tentarem destruir a vida sócio-político-profissional de um cidadão, não aceitam que não têm razão», sublinha. O ex-diretor de Estradas também reiterou estar de «consciência tranquila» e que durante o desenvolvimento do processo afirmou «várias vezes que estavam a construir uma pessoa diferente daquilo que sou. Ou seja, parecia ser um trabalho encomendado e, como tal, tentaram arranjar e construir toda uma argumentação para levar a uma condenação». Anteontem, José Gomes não quis prestar declarações sobre esta decisão da Relação por ainda não conhecer «em pormenor» o acórdão.