Os dois docentes que se envolveram em cenas de pugilato na Escola Superior de Saúde (ESS) do IPG no passado 18 de Fevereiro encontram-se suspensos, tendo-lhes sido instaurados processos disciplinares por Constantino Rei. O presidente do Politécnico da Guarda adianta que o episódio está relacionado com uma situação de «doença de caráter mental» por parte de um dos intervenientes.
«É uma situação que tem de ser tratada com cuidado, porque o que está na base de tudo isto é uma doença de caráter mental de um dos envolvidos», refere o responsável. No entanto, «isso não serve de justificação, estamos numa escola pública e temos que dar o exemplo e ser responsáveis pelos nossos atos», lembra. «Um dos docentes tem problemas de saúde e, ou se deixa tratar, ou teremos de agir de outra forma», avisa Constantino Rei. Abílio Figueiredo, antigo diretor daquela unidade orgânica do IPG entre 2003 e o início de 2009, e Luís Capelo, subdiretor da escola de 1995 a 2001 foram os protagonistas de cenas de pugilato, que terminaram com o recurso a gás pimenta e a intervenção de colegas. Ambos os professores tiveram que receber tratamento hospitalar no Hospital Sousa Martins.
De resto, e apesar de nunca terem tido grandes consequências físicas, os desentendimentos entre os dois docentes têm sido recorrentes. Já em Novembro último, na tomada de posse da diretora da ESS, Paula Coutinho, Luís Capelo surgiu na cerimónia com duas folhas A4 em que escreveu que a direção da escola deve trabalhar para «servir a ESS e as pessoas» e que as anteriores «só se serviram e lixaram alguns». Esta referência teria Abílio Figueiredo como destinatário. «Não se trata de um ato normal de violência entre duas pessoas, mas algo que sucedeu na sequência de outros episódios que já ocorrem há muitos anos», recorda o presidente do IPG. Constantino Rei lamenta ainda a inoperância das entidades competentes, «que se têm esquivado a intervir, nomeadamente quanto ao internamento da pessoa que está doente», até porque «já há muitos processos em curso e que, infelizmente, parecem não ter fim à vista».
«Lamentavelmente, as entidades que têm competências para intervir na resolução do problema têm fechado os olhos. Nesse sentido, esta suspensão visou, acima de tudo, proteger as pessoas da escola e os intervenientes da eventualidade de acontecerem situações mais complicadas», justifica Constantino Rei. O caso está entretanto a ser investigado pelo Ministério Público e Direção-geral do Ensino Superior.
Rafael Mangana