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Imagens do Sol. E o som?

Mitocôndrias e Quasares

A NASA, a agência espacial americana, divulgou no domingo as primeiras imagens em 3D do Sol, feitas por dois satélites lançados em 2006. Angelos Vourtidas, um dos investigadores do projecto Stereo no Laboratório de Pesquisa Naval em Washington, afirmou que “pela primeira vez podemos observar a actividade solar em toda a sua glória 3D”. Para esta equipa de investigação trata-se de um mais importantes avanços na física solar. Ao olhar pela primeira vez para estas imagens surgiu-me logo uma questão: Que som está associado a esta imagem? O Sol produzirá algum tipo de som? Como será esse som? Será possível ouvi-lo mesmo a 150 000 000 km de distância do planeta Terra?

Como se propaga o som?

Para que seja possível ouvir um som, é necessário que ele se propague desde a fonte sonora até aos ouvidos. A definição da acústica aponta para a variação rápida da onda de pressão num meio. Usualmente, referimo-nos a som audível, que é a sensação (detectada pelo ouvido) de uma pequena, mas muito rápida variação na pressão do ar acima e abaixo de um valor estático. Este valor estático é a pressão atmosférica. Dito de outro modo, quando percutimos, por exemplo, um diapasão produz-se uma vibração que se transmite ao ar circundante. Como consequência, as partículas em contacto com o diapasão começam a vibrar e deste modo vai-se transmitindo a perturbação às partículas vizinhas. Este processo origina um movimento, isto é, uma onda sonora.

O som necessita de um meio material para se propagar, e propaga-se, de um modo geral, tanto melhor quanto mais denso for o meio. Desta forma, compreendemos melhor o motivo pelo qual se ouve melhor debaixo de água, uma vez que a água é mais densa do que o ar.

O som do Sol?

O Sol vibra com um complexo padrão de ondas acústicas, semelhante a um sino. Se o nosso aparelho de visão possuísse um poder de alcance elevado, poderíamos ver a superfície do sino movimentar-se em padrões complexos, como resultado da reflexão das ondas sonoras na superfície.

De forma semelhante, os astrónomos na Universidade de Stanford registam ondas de pressão no Sol, monitorizando cuidadosamente os movimentos na sua superfície. Para tal, eles usam um instrumento chamado Michelson Doppler Imager (MDI), instalado na sonda espacial SOHO, que circunda o Sol a 1 600 000 km da Terra.

A ondas sonoras do Sol têm frequências muito baixas para serem percebidas pelo ouvido humano, pelo que, para serem ouvidos pelos seres humanos, os cientistas aumentam a velocidade em 42.000 vezes – compactando 40 dias de vibrações em poucos segundos.

Estas vibrações longitudinais na atmosfera do Sol permitem gravar uma música que ajuda a entender o campo magnético do astro. Ao estudar o decaimento do som, os investigadores conseguem obter informações sobre a física da coroa solar. Imagens em alta resolução já mostram que esta região do Sol está repleta de estruturas magnéticas com formatos de arcos, algumas com mais de 100 mil km de comprimento. Estes arcos têm um papel fundamental, uma vez que são responsáveis por explosões que ocorrem na atmosfera solar. Assim como as cordas de uma guitarra, esses arcos gigantes passam por oscilações que, depois de medidas, resultam na obtenção de uma nota e de um tom.

Com a obtenção destas notas, talvez um dia possamos ouvir um concerto do Sol, no Youtube!

Por: António Costa

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