Arquivo

«As instituições de apoio à deficiência deveriam unir-se para potenciar a acção desportiva»

Cara a Cara – Entrevista: Maria José Dinis

P – Como surgiu a necessidade da criação da ATIVA – Associação Distrital de Desporto, Lazer e Cultura para Pessoas com Deficiência?

R – A ideia surgiu há cerca de dois anos, quando o nosso treinador desportivo na ASTA começou a perceber a necessidade de uma conjugação de iniciativas desportivas a nível distrital. Percebemos que as instituições de apoio à deficiência deveriam unir-se no sentido de potenciar a acção desportiva de forma planeada. E entendíamos que isso deveria não só trazer mais-valias ao nível dos resultados dos participantes, mas igualmente na valorização de um grupo de pessoas que têm também uma necessidade de se sentirem cidadãos.

P – Quais as principais dificuldades com que se deparou aquando da criação da Associação?

R – As dificuldades transformaram-se a partir do momento em que demos a conhecer publicamente a ideia e convidámos, no Verão passado, as instituições do distrito para uma reunião em que todos chegássemos a um consenso. Houve uma adesão e penso que a ideia começou a germinar como algo possível e que podia valer a pena. A seguir, o Governo Civil tomou conhecimento e ficou agradado com a iniciativa, considerando-a necessária, até porque é uma associação que contempla mais do que o desporto ao abranger também a área cultural e de lazer. Assim, as dificuldades transformaram-se em facilidades quando o Governo Civil apoiou a ideia. Na última reunião, percebi que o interesse era geral e todos estão a achar que é uma associação que vale a pena.

P – Quais os principais objectivos da ATIVA?

R – Em primeiro, deverá promover desporto para pessoas com deficiência no distrito da Guarda, não descurando as componentes de cultura e lazer. No fundo, trata-se de promover saúde, cidadania, encontros e pró-actividade, não só para os próprios como também para toda a envolvência social que se associe a nós. E é também um factor de integração e inclusão espontânea das pessoas com deficiência na sociedade.

P – E que actividades estão já previstas?

R – A associação ainda não está constituída legalmente, de qualquer maneira tencionamos, entre associações, fazer uma reunião no início do próximo ano para começar “o aquecimento” e delinear um planeamento de algumas actividades que possam ser levadas a cabo. Por exemplo, temos uma associação que promove caminhadas pela Serra da Estrela e apostarmos nisso é uma ideia fabulosa. Além disso, vamos dar destaque ao atletismo. São aquelas modalidades que, naturalmente, estarão em foco no próximo ano aqui na região. Se houver alguma a nível nacional que seja compatível com os nossos atletas, tentaremos estar presentes. Este ano passará por encontros dos nossos grupos, dando destaque ao convívio, à parte cultural e ao lazer.

P – Já há alguma data para a constituição legal da associação?

R – Não depende de nós, mas penso que logo que os estatutos estejam definidos no princípio do ano, poderá arrancar de seguida com a escritura, ficando assim constituída juridicamente. Independentemente disso, ninguém nos pode impedir de reunir com os grupos que vão fazer parte desta associação para começar a delinear um programa de actividades, que terá de acontecer a partir da Primavera de 2011, que é, aliás, a altura mais propícia para iniciar a prática do desporto ao ar livre.

P – Em que medida esta associação se relaciona com a já criada ASTA?

R – Foi no seio da ASTA que esta associação surgiu e a ASTA tem características muito fortes que nos levam a não estar parados, levam-nos a querer ter responsabilidade social, a sermos cidadãos de pleno direito, tendo em conta as capacidades de cada um de nós. Além disso, na ASTA, entendemos o desporto como um factor originador de saúde. E foi ao vermos os benefícios destas actividades que entendemos que era altura de implementar algo mais concreto, que abrangesse todas as pessoas que estão nas mesmas circunstâncias de quem vive na ASTA. Mesmo quem está em casa e tenha alguma deficiência, mesmo não pertencendo a nenhuma instituição, pode participar através da inscrição nas diferentes actividades.

Maria José Dinis

«As instituições de apoio à deficiência
        deveriam unir-se para potenciar a acção desportiva»

Sobre o autor

Leave a Reply