Sem surpresas, a maioria socialista na Assembleia Municipal (AM) da Guarda fez passar o Plano e Orçamento da autarquia para o próximo ano. Como habitualmente, as opções e os números apresentados pelo executivo de Joaquim Valente não escaparam às críticas da oposição, que votou contra em bloco. A CDU foi a excepção, já que o seu eleito absteve-se.
Contudo, o debate foi morno. O presidente do município repetiu o que já tinha dito na reunião de Câmara, que o Orçamento de 87,5 milhões de euros é «de rigor», mas direccionado para aproveitar os fundos comunitários do último quadro comunitário. «Há obras que têm que ser feitas nos próximos dois anos. A dívida poderá aumentar, mas esta é uma oportunidade que não podemos desperdiçar», afirmou Valente, recordando a construção de centros escolares, regeneração urbana, a aquisição de habitação a custos controlados e a modernização administrativa. O PSD reagiu a duas vozes. Primeiro, foi Tânia Cameira, presidente da Junta do Marmeleiro, a lamentar que a melhoria da rede viária local esteja fora dos planos da autarquia em 2011, o que não acontece relativamente a freguesias vizinhas. «Que tipo de discriminação é esta, senhor presidente», interrogou, ao que Valente respondeu que «o Orçamento não dá para tudo».
Já Helena Ravasco seguiu à risca as críticas veiculadas por Rui Quinaz na reunião do executivo. «O Orçamento não é credível e duvidamos bastante que este ano não se passe o mesmo em termos de taxa de execução, que tem sido muito baixa», disse. A deputada também estranhou o aumento das dotações para a Agência para a Promoção da Guarda (300 mil euros) e dos apoios à programação das salas culturais de Famalicão e Gonçalo (que passam de 46 para 60 mil euros). «Em contrapartida, os subsídios à prática desportiva foram delapidados. Parece que a contenção é só para alguns», criticou. Jorge Noutel foi outra voz crítica. O eleito do Bloco de Esquerda encontrou a «inflação habitual» dos documentos e as obras «do costume». «Fazem-se castelos de areia com fundos comunitários», sintetizou. Por sua vez, Nuno Almeida (PS) considerou que este é o Orçamento «possível» face à conjuntura nacional e elogiou a opção do executivo nas funções sociais, com destaque para a educação, «a aposta do futuro». O socialista também sublinhou «o esforço da autarquia em ter dinheiro para assumir a parte que lhe cabe nos projectos candidatados a apoios comunitários».
Luis Martins