Dulce Reis trabalha há 10 anos na Delphi da Guarda. Como pertence a uma empresa sub-contratada, o seu destino ainda está por decidir, agora que a fábrica de componentes de automóveis vai encerrar definitivamente as portas, lançando no desemprego mais 318 trabalhadores.
Se o futuro se avizinha incerto para os funcionários da Delphi, os sub-contratados estão numa situação ainda mais ingrata: «Trabalhámos tantos anos e chegamos a esta altura sem saber o que nos vai acontecer», lamenta Dulce Reis. A funcionária da limpeza explicou a O INTERIOR que a empresa para a qual trabalha ainda não enviou cartas de despedimento e, ao que tudo indica, tenciona pagar apenas meio mês por cada ano de trabalho, quando, por lei, deveria pagar pelo menos um mês. A trabalhadora aponta ainda o dedo à própria Delphi, por «não indicar um caminho, nem interceder» pelos funcionários. «É uma vergonha o que nos estão a fazer», lamenta. Silvino Santos está na mesma situação, embora contratado por outra empresa. Trabalhou 19 anos na Delphi como jardineiro e está «revoltado» por ainda não saber em que situação ficará. Estes funcionários não têm esperança de serem redireccionados para outros serviços na região, porque dizem que «não há emprego». Nem sequer sabem se na quinta-feira poderão entrar na fábrica. Por agora, resta-lhes apenas a espera e a revolta.