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Cenário «dantesco» em Seia

Aldeia da Serra, Carvalhal da Loiça, Cativelos, Vila Franca da Serra, Aldeia Nova ou Porto de Ovelha foram algumas das localidades do distrito da Guarda que andaram nas bocas do mundo nos últimos dias devido aos incêndios. Na semana passada, o fogo instalou-se na Serra da Estrela e na zona do Côa atiçado pelas altas temperaturas e pelo vento.

Em Seia, três incêndios de grandes proporções consumiram mato e floresta até domingo. «É um cenário dantesco», declarava o presidente da Câmara, Filipe Camelo, na quinta-feira, perante a rápida progressão das chamas. Pelo caminho ardeu parte da mata da Sra. do Desterro, barracões e alfaias agrícolas, bem como colmeias e terrenos. O fogo ainda ameaçou o Sabugueiro e aproximou-se de Loriga e da Portela do Arão, tendo sido necessário cortar as estradas EN 338 e 339, de acesso à Torre. A situação forçou ainda o desvio da “etapa-rainha” da Volta à Portugal em bicicleta pelo lado de Manteigas. Os incêndios não deram tréguas às quatro centenas de bombeiros enviados para o local, onde reforços vindos de Évora, Leiria, Portalegre e Castelo Branco entraram em cena na sexta-feira. A estes operacionais juntaram-se três pelotões do Exército, máquinas de arrasto do Regimento de Engenharia de Espinho e dois aviões Canadair franceses.

Contudo, todos estes meios pareciam ser poucos no combate às chamas. Ao terceiro dia a sua tarefa ficou ainda mais complicada pela intensidade do vento. «São rajadas muito fortes que, a qualquer momento, provocam mudanças bruscas das chamas e reacendimentos, como aconteceu em Sandomil», adiantou na altura Filipe Camelo. «Houve vários incêndios nos concelhos de Gouveia, Seia e Mangualde, numa área relativamente próxima, inclusive um falso alarme. Muitos deles devem-se a estas condições atmosféricas extremamente adversas, mas outros terão mão criminosa, porque surgem estrategicamente para dispersar os bombeiros», denunciou, por sua vez, o Governador Civil da Guarda. Dizendo que a PJ já está no terreno, Santinho Pacheco desvalorizou as críticas à falta de meios: «Será uma falsa desculpa de quem, se calhar, tem a consciência pesada por não ter limpo os seus terrenos ou à volta das suas casas», declarou, alegando que por causa disso os bombeiros «têm que abandonar os locais onde deviam estar para acudir a casas que as pessoas previdentemente deviam limpar. É uma demonstração de insensibilidade e de falta de educação cívica», considerou Santinho Pacheco.

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