Numa semana, a Guarda passou a ter a maior área ardida do país, com 16.347 hectares. Segundo o último relatório provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN), o distrito lidera folgadamente este “ranking” traçado a chamas, seguido de Viana do Castelo, onde arderam pouco mais de 12 mil hectares, Viseu (9.706) e Braga (8.997). De acordo com a AFN, estes quatro distritos perfazem dois terços da área ardida contabilizada em Portugal entre 1 de Janeiro e 15 de Agosto. No total, as chamas consumiram 71.687 hectares desde o início do ano.
Contudo, os números são substancialmente maiores no Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS), disponíveis em http://effis.jrc.ec.europa.eu/. Esta contagem baseia-se em registos de satélite e aponta para um total de 22.785 hectares queimados no distrito, com destaque para o concelho de Seia, responsável por mais de metade dessa área. Entre dia 11 e a passada segunda-feira, os fogos que deflagraram em Girabolhos, São Romão e Sandomil consumiram 11.886 hectares. O segundo município mais afectado foi Gouveia (4.148), onde sobressaem os 4.036 hectares tragados pelas chamas na zona de Vila Franca da Serra. Voltando ao relatório da AFN, o distrito registou
sete grandes incêndios na semana passada. O maior ocorreu em Aldeia Nova (Trancoso), onde as chamas tragaram 3.648 hectares de mato. Vila Franca da Serra (Gouveia) surge logo a seguir, com 3.495, antes dos 3.200 hectares ardidos em Seia e dos 1.777 contabilizados pelos serviços do Ministério da Agricultura em Porto de Ovelha (Almeida). Paranhos (Seia), onde arderam 1.620 hectares, e Pinhel (1.600) fecham esta contagem, que realça o facto de cinco destes grandes fogos terem deflagrado no dia 10.
O relatório provisório da AFN revela ainda que neste período houve menos fogos no distrito da Guarda (253 ocorrências), mas com mais consequências (16.347 hectares ardidos). O Porto, por exemplo, foi o distrito com mais ocorrências (4.125), a que correspondeu uma área ardida de 4.026 hectares. Já em Viana do Castelo os 1.552 focos de incêndio contabilizados deram origem a 12.018 hectares queimados, enquanto em Viseu arderam 9.706 hectares para 1.264 ocorrências. Em 2009, a área ardida no distrito da Guarda foi de 18.535 hectares, dez vezes mais que no ano anterior, quando os fogos dizimaram 1.700 hectares. 2005 e 2003 foram anos muito piores, tendo ardido 24.500 e 23 mil hectares, respectivamente.
Na terça-feira, o ministério da Agricultura anunciou estar a proceder ao levantamento dos danos agrícolas provocados pelos fogos. «Neste momento, equipas das Direcções Regionais estão no terreno a processar informação, de forma a identificar situações de dano severo no capital agrícola e fundiário das explorações afectadas», adianta, em comunicado, o gabinete de António Serrano. Assim que os prejuízos forem quantificados, a tutela acrescenta que serão tomadas as «medidas necessárias para minimizar a perda do potencial produtivo afectado, promover o ordenamento e recuperação de povoamentos e estabilizar o solo após o incêndio, enquadradas no Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER)». O ministério refere igualmente que estão «em preparação» outras medidas complementares para repor o capital fixo da exploração ou compensar as necessidades de alimentação animal.
Luis Martins