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«Vi as imagens do acidente no próprio dia e senti-me sortudo»

Cara a Cara – Entrevista: Francisco Carvalho

P – As coisas correram menos bem na última prova da Seat León Eurocup, onde sofreu um acidente arrepiante. Que comentário lhe sugere esta situação?

R – Do ponto de vista físico, penso até que correu bem. Do ponto de vista do espectáculo televisivo, é assustador, e em termos pessoais não era o resultado que eu esperava, como é lógico. Ainda assim, o resultado final acabou por nem ser tão mau quanto isso, já que me classifiquei em quarto lugar, porque a classificação final foi definida pela volta anterior à do acidente. No entanto, não era isso a que me propunha, porque entro nas corridas sempre para ganhar. Quanto ao automóvel, foi para o lixo, o que é sempre desagradável, apesar de eu estar numa equipa onde não constitui problema substituir-se um carro.

P – Pode explicar como aconteceu o acidente?

R – Aconteceu à sétima volta, a quatro do final da prova. Eu entrei numa curva a disputar o terceiro lugar com mais dois pilotos e há um deles – o Ricardo Bravo – que me toca duas vezes. Ao primeiro toque, consegui segurar o carro, mas ao segundo já não consegui e saí da pista para bater com muita violência nos rails.

P – Pelas imagens que viu na televisão, sente-se um homem com sorte?

R – Eu vi as imagens no próprio dia e posso dizer que me senti sortudo. Ainda assim, estou convencido que os carros de hoje são extraordinariamente seguros. Os testes que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) impõe custam muito dinheiro às marcas, mas o resultado está à vista: um acidente destes há 10 anos concerteza que daria a morte de um piloto. Eu tive aquele acidente e no dia seguinte estava a trabalhar às 8h30, na Guarda.

P – Pode dizer-se que este acidente não mudou nada na sua vida?

R – Quando nos sentamos num carro de competição e apertamos o capacete sabemos os riscos que corremos, sabemos que o desporto automóvel é perigoso. A partir do momento em que aceitamos esse risco, temos que viver naturalmente com ele.

P – E na sua carreira desportiva? Ao nível de patrocínios, poderá mudar alguma coisa?

R – Penso que não. Há 11 anos que tenho os meus patrocinadores, estão comigo há muito tempo e enquanto eles estiverem comigo eu também estarei com eles. Muda, eventualmente, a exposição mediática que possa vir a ter, nomeadamente em relação ao público que não está tão habituado a ver-me nas corridas. Por exemplo, no outro dia estava a tomar café, e o senhor perguntou-me se eu era o Francisco Carvalho do acidente.

P – Quais são as suas expectativas nesta prova internacional?

R – Estive este fim-de-semana em Braga, mas no próximo domingo estarei numa prova em Brno (República Checa) e volto às corridas no primeiro fim-de-semana de Setembro, para terminar a época da EuroCup a 19. A época nacional acabará a 11 de Novembro, no Algarve.

P – E projectos para o futuro?

R – Vou continuar a competir enquanto me sentir rápido. A partir do momento em que sinta que já não consigo discutir os primeiros lugares, vou ter que repensar e abarcar outros projectos.

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Francisco Carvalho

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