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Roubos e maus pagadores afectam mercado de arrendamento na Guarda

Há inquilinos que, além de não pagarem as rendas, roubam o recheio das casas antes de saírem

Na cidade da Guarda há senhorios que não só se deparam com atrasos no pagamento de rendas, como também com arrendatários que abandonam as casas sem aviso prévio e que chegam mesmo a roubar bens, sobretudo mobiliário. O INTERIOR sondou o sector e ouviu relatos sobre senhorios que optaram por retirar as habitações do mercado de arrendamento, bem como de algumas empresas de gestão de imóveis que se mostram preocupadas com o futuro de um negócio que até está em crescimento a nível nacional.

«No espaço de um mês registámos três casos de inquilinos que, para além de terem deixado de pagar as rendas, levaram tudo o que puderam do interior das habitações», lamenta Manuel Figueiredo, um dos responsáveis pela área da gestão de imóveis da Sónegócios. Segundo conta, «houve um arrendatário que chegou ao ponto de roubar cortinas e até lâmpadas». Noutro caso, «entrámos na casa, onde também havia rendas em atraso, e apercebemo-nos de que havia quartos sem mobília», relata ainda. Dos 30 imóveis geridos pela empresa, «em cerca de 10 há incumprimentos ao nível do pagamento de rendas», refere. Este responsável lamenta que «as situações abusivas não parem de crescer» e que os casos tenham de chegar aos tribunais, até porque «a justiça é lenta» e este tipo de situações está a provocar «receios» entre os proprietários. «Há casas fechadas porque os senhorios já não querem arrendar», queixa-se Manuel Figueiredo, para quem «urge reflectir sobre o problema e alertar para que possam surgir soluções».

Na sua opinião, uma delas passa pela elaboração de uma «lista de incumpridores», que possa ser partilhada por todas as empresas que se dedicam a este negócio. «Sente-se realmente que há pessoas com dificuldades em pagar as rendas», diz, por seu turno, um empresário ligado ao sector, que pede para não ser identificado. Garante que ainda não se deparou com «situações extremas. Mas sei de gente que não paga e anda constantemente a mudar de casa», alerta. O empresário diz ainda que «nem todos os casos se relacionam com a crise», havendo mesmo quem não cumpra «por maldade».

«Não pagava há três anos»

Entre os senhorios também crescem as preocupações. Cremilde Santos, uma emigrante que até há bem pouco tempo tinha uma casa para arrendar perto da Escola Secundária Afonso de Albuquerque, é uma delas: «A última pessoa que lá esteve já não pagava há três anos», adianta. Como reside em França e só vem a Portugal no Verão, entregou a casa a uma empresa de gestão de imóveis. «Passei meses à espera que a situação se resolvesse e acabei por agir judicialmente», acrescenta. Há quase um ano que espera por uma decisão. «Para já, prefiro ter a casa fechada do que arrendá-la», afirma. Já Odete Santos, que tem um T3 na zona da Sé e faz a gestão sozinha, diz que sente «cada vez mais que as pessoas têm dificuldades em pagar. E está difícil conseguir arrendar», assegura. Henrique Santos, outro senhorio, à procura de arrendatário para uma casa que tem na zona de S. Vicente, pela primeira vez, diz que está «a par de casos de incumprimento», pelo que tenciona não só pedir uma mensalidade adiantada, para além da primeira, como também uma caução.

«Caso o inquilino deixe tudo como estava, o dinheiro será devolvido», explica. No que toca às imobiliárias, grande parte dedica-se sobretudo à venda e são poucas as que fazem gestão de imóveis – e as que estão nesse caso parecem não enfrentar problemas, pelo menos as ouvidas por O INTERIOR. No que respeita às vendas, asseguram que o pior já passou. «Há menos procura e o mercado mudou nos últimos dois anos, mas a verdade é que os resultados têm vindo a melhorar», diz Paulo Passos, gerente da Telehabita. Esta imobiliária optou por explorar outras vertentes: «Fazemos, por exemplo, mais permutas do que antes», refere. Na Era, o gerente revela que «as vendas estão com uma linha de crescimento na ordem dos 15 por cento». Também nesta imobiliária houve uma aposta noutro tipo de oferta: «Muito do negócio passa pelos rústicos, pelas casas de aldeia e quintinhas», explica Eduardo Gonçalves. «Ou seja, vendemos sobretudo a gente de fora da região e a estrangeiros, como ingleses ou holandeses», acrescenta.

As situações abusivas estão a gerar preocupação

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