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Museu da Guarda revela Carolina Beatriz Ângelo

Natural da cidade, a médica e primeira mulher a votar em Portugal é o tema de uma grande exposição a propósito do Centenário da República

A vida de Carolina Beatriz Ângelo, médica, sufragista e activista dos direitos da mulher nascida na Guarda em 1878, é o tema da próxima exposição temporária do Museu da Guarda. A mostra, que faz parte do programa oficial da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, é inaugurada esta tarde com documentos, fotografias e alguns objectos pessoais da primeira mulher a votar em Portugal.

Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911) revelou-se uma das figuras mais emblemáticas do feminismo e do republicanismo da primeira década do século XX, sabendo combinar a medicina com a militância associativa, política e maçónica assente na afirmação incessante de direitos para as mulheres. Formou-se em Medicina em 1902 e foi a primeira cirurgiã a operar no nosso país, mais concretamente no Hospital de São José, em Lisboa. Conspirou, em 1910, pela República, bordando, com a colega, amiga e companheira Adelaide Cabete, as bandeiras hasteadas durante o 5 de Outubro. Já na República transformou-se numa batalhadora pelo sufrágio feminino, mesmo que abrangendo uma minoria. Em 1911 tornou-se na primeira mulher a votar em Portugal graças a um “buraco” na Lei Eleitoral vigente, que não vedava explicitamente o voto às mulheres.

É que a primeira legislação da República Portuguesa reconhecia o direito de votar aos «cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família». Logo, Carolina Beatriz Ângelo socorreu-se deste plural masculino – que, gramaticalmente, designa o masculino e o feminino – para se recensear, invocando ainda o facto de ser viúva e chefe de família. A comissão negou a pretensão, mas os tribunais concederam-lhe o direito de se inscrever e a eleitora nº 2.513 acabou por votar a 28 de Maio de 1911 em Lisboa. Contudo, a fama foi de pouca dura, pois Carolina Beatriz Ângelo faleceu cinco meses depois, com apenas 33 anos. João Esteves é o comissário científico desta exposição, cujo trabalho de investigação é de Isabel Lousada e Dulce Helena Pires Borges, directora do Museu da Guarda.

Intitulada “Carolina Beatriz Ângelo. Intersecções dos sentidos/palavras, actos e imagens”, a mostra inclui a actuação de um grupo de alunos EB 2 3 de Santa Clara com o cântico escolar republicano “A Sementeira” e da Associação Recreativa Filarmónica Popular Manteigense – Música Nova. Fica patente até dia 31 de Outubro.

Museu da Guarda revela Carolina Beatriz
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