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Critérios de avaliação em Educação Visual

P & R

– Qual o ponto de partida para a avaliação em Educação Visual (EV)?

– O que pretendemos em EV é ensinar as pessoas a fazer escolhas sobre tudo o que os rodeia. Parte dos problemas psicológicos e do stress nas zonas urbanas vem da arquitectura, do edificado. Em EV aprende-se a criar ritmos, a trabalhar com cores, a criar volumes, a trabalhar com formas, a introduzir um factor emotivo ou estético naquilo que é funcional. O homem não é simplesmente razão, é também emoção – a ciência compartimenta as coisas e não as vê na dimensão do ser humano. Quando escolhemos a casa, a cor da pintura do quarto, o automóvel, a roupa, fazemo-lo com base na emoção, no gosto. E também isso tem de ser educado para fazermos as escolhas adequadas.

– Há instrumentos de avaliação em EV para avaliar conhecimentos teóricos?

– A componente teórica está sempre presente, explicitamente em alguns questionários ou implicitamente em aplicações práticas, em que o conhecimento teórico tem de vir ao de cima. Por exemplo num símbolo ou pictograma que está a ser feito ele não pode ser feito se não se conhecer a relação figura-fundo, a relação das cores, os efeitos de contraste e concordância, etc. Diga-se no entanto que na componente prática a disciplina não pretende criar artistas mas apurar a coordenação motora fina dos jovens, estimulando as suas capacidades inatas. Estas capacidades serão utilizadas depois nas diferentes actividades profissionais.

– Os aspectos de gosto e estéticos são importantes?

– O belo aqui não é tudo, é importante sobretudo o funcional e a segurança física e psicológica, de forma que os alunos sejam cidadãos exigentes quanto à qualidade do ambiente que os rodeia, que é artificial, que é uma construção. Continuo a dizer que é mais uma formação para a vida do que uma formação de artistas.

– A Criatividade, que aqui aparece valorizada em 20%, o que é?

– É saber utilizar as técnicas de forma inovadora, sem necessariamente repetir aquilo que se vê à nossa volta. É trabalhar estas competências de forma não repetitiva.

– A divisão que o grupo fez do critério de cidadania (15%) em muitas sub-categorias é útil?

– Sim, pareceu-nos que podia ser. A ideia foi tornar esses critérios mais claros para os alunos: a cooperação, o cumprimento das tarefas, a assiduidade e pontualidade, o material de trabalho, o relacionamento, a autonomia, a iniciativa. Já todos sabemos que vivemos numa sociedade em que o esforço individual está muito sub-valorizado. Fazer que os jovens reconheçam melhor esse factor do esforço pessoal só pode ser positivo.

– A dinâmica mais livre das aulas de EV, em que os alunos circulam mais entre lugares, dificulta a avaliação?

– Em condições normais não. A circulação justifica-se pela questão de os materiais não estarem sempre acessíveis e isso é aceitável e lógico. Não se pode é aceitar que as aulas de EV sirvam para extravasar aquilo que nas outras aulas está reprimido. Os alunos devem ter a consciência do espaço em que estão e daquilo que lhes é pedido nesse espaço. Porque os jovens vão chegar ao mercado de trabalho e lá vão-lhes pedir coisas que aqui supostamente estaremos a valorizar: pontualidade, assiduidade, colaboração, conjugação de esforços para um objectivo comum, etc.

Respostas de Jorge Melo, Delegado do Grupo de Ed. Visual

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