Os comerciantes da Covilhã reconhecem que a estadia da selecção nacional de futebol atraiu mais visitantes do que o habitual para a época, mas, na hora de fazer contas parecem unânimes: os resultados ficaram aquém das expectativas. No comércio e no turismo acredita-se, ainda assim, que a projecção que a cidade serrana conseguiu a nível nacional vai contribuir para que mais turistas rumem à Covilhã no futuro.
«Claro que sentimos o “efeito” selecção, mas estávamos à espera de mais gente», afirma José Manuel Correia, proprietário do restaurante “Sporting” e de duas casas de produtos regionais no centro. Para o comerciante, a estadia da equipa de Ronaldo «valeu a pena», mas não foi «nada que se compare» à procura que se regista quando há neve na Serra da Estrela, altura em que o queijo e enchidos da região «têm mais saída». No entanto, José Manuel Correia está convicto que «o nome da Covilhã foi tão falado que isso vai fazer com que mais gente passe a visitar a cidade». Na Rua Direita, onde os lojistas até decidiram alargar o horário de funcionamento no último fim-de-semana – abrindo no sábado à tarde e no domingo, as opiniões parecem semelhantes. «Houve mais movimento nas ruas, mas não posso dizer que se tenha reflectido nas vendas», refere Elsa Morais, da Artimala, que também considera que a neve «“vende” mais».
«Criou-se uma expectativa muito grande», considera a lojista, que está convencida que «quem está mais perto do complexo desportivo deve ter conseguido vender mais». Elsa Morais defende também que o estágio projectou o nome da Covilhã e pode «atrair mais gente no futuro». No café e restaurante Montiel, na Praça do Município, os funcionários confessam que esperavam mais. Ali ao lado, na tabacaria Hermínios, Jorge Gafeira diz que «a selecção “mexeu” menos no comércio do que se esperava, pelo menos no centro». Apesar dos lojistas desta zona da cidade estarem convictos de que os principais beneficiados foram os colegas das proximidades do complexo desportivo, o discurso destes comerciantes não é muito diferente. Pedro Morgado, gerente do Dois Hagás, diz que a afluência ao seu café «foi o normal», tendo havido apenas «um ou outro dia melhor» (o dos jogos). «É que junto ao complexo desportivo há barraquinhas com bebidas e então não vêm para aqui», lamenta. «As pessoas vieram só para ver a selecção e não me parece que façam grandes compras», acrescenta, por seu turno, Maria Madeira, do Sogarrafas, localizado ao lado do Dois Hagás.