P – Não é muito normal um GNR escrever livros de poesia. Que papel tem a poesia na sua vida?
R – Não sei se é ou não comum, mas normal será seguramente. Um elemento da GNR/Brigada de Trânsito também tem sentimentos e a poesia é, essencialmente, um caminho de sentimentos. A poesia tem lugar assegurado na minha vida e a importância dela é, incondicionalmente, da dimensão da minha vida e da extensão do meu tamanho.
P – E os seus colegas de profissão como reagem ao terem conhecimento desta faceta?
R – Muitos não reagem, outros reagem para não estarem calados e uma parte deles que me conhece melhor, reage de forma agradável, aprazível, humana. Mas é verdade que será uma surpresa para muitos, não só colegas, mas para muita gente que me conhece de vista. Geralmente sou interpretado como uma pessoa de aspecto rude e foi, talvez nestes enganos que, o povo criou o sábio provérbio de que “quem vê caras, não vê corações”.
P – O que mais o inspira para escrever?
R – A inspiração é verdadeiramente fundamental, não se escreve em esforço, sem vontade, sem essa tal inspiração. Ela aparece nas teias do meu tempo, pelo degelo das sensações e pelas explosões dos sentimentos, uns bons, outros maus. No fundo, sinto-me inspirado quando sou tomado pela contracção e pelo arrepio das emoções.
P – Como podemos definir o livro que agora edita, “Poesia, cama onde me deito com quem quero”?
R – Este livro é um reflexo perfeito de um conjunto de estados de espírito. Ele percorre uma multiplicidade de momentos vividos realmente ou meramente imaginados. O título deverá transportar-nos para um conceito de liberdade extravagante e não para um quarto de pecado. Muitos dos poemas foram dedicados a pessoas com quem me liguei amorosamente, sendo disso exemplo o soneto que dedico à minha mãe.
P – É dispendioso editar um livro?
R – Depende do ponto de vista. Quando o projecto é feito de forma a que seja garantido o retorno, então deixa de o ser.
P – Pensa continuar a escrever livros deste tipo?
R – Penso seguramente nunca parar de escrever poesia e já o faço há décadas. Quanto a tornar essa poesia em livros já não sei, dependerá de múltiplas circunstâncias.
Neste instante estou a concluir um romance que já iniciei há nove meses, é uma forma distinta de expressão escrita, mas como a gestação durou nove meses, talvez nasça com personalidade racional.
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